Cardeal Paulo Cezar comenta funeral “sóbrio e simples” de Bento XVI

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Arcebispo de Brasília participou do funeral de Bento XVI, ocorrido na última quinta-feira (05). Em entrevista à Rádio Vaticano, cardeal Dom Paulo Cezar Costa comentou as últimas homenagens ao Papa emérito.

Luiz Felipe Bolis – Vatican News

Em dezembro de 2022, mês do seu aniversário de 30 anos de ordenação presbiteral, dom Paulo Cezar Costa acompanhou de perto a comoção em torno do falecimento de um homem que se vestia de virtudes e conservava a tradição católica com o zelo de seu apostolado. As memórias do arcebispo trazem um momento de felicidade e outro de tristeza em 2022, recordando quando o Papa Francisco o anunciou também cardeal da Igreja Católica em maio e, por outro lado, das preparações no último dia útil do ano para vir a Roma naquele que seria um dos momentos mais marcantes e históricos da Igreja Católica: o sepultamento de Joseph Ratzinger.

Dom Paulo Cezar, nascido em Valença/RJ no dia 20 de julho de 1967 e empossado arcebispo de Brasília (DF) em 12 de dezembro de 2020, recorda o olhar de Bento XVI, citado como “o irmão, o pai e o avô da Igreja” pelo Papa Francisco. Um olhar que, segundo o cardeal, era capaz de mergulhar nas profundezas da presença do próximo e ver o outro com atenção e simplicidade.

“Quando Bento XVI nos olhava, você percebia que, para ele, o relevante naquele momento era você. Um homem de uma profunda sensibilidade, simplicidade, de uma espiritualidade profunda, sobretudo vista no último ato do seu Pontificado, que foi exatamente a renúncia. Somente um homem de uma profundeza espiritual e teológica como a dele teria condição de cumprir um ato daquele”, sublinhou dom Paulo.

O adeus a Bento num funeral “sóbrio e simples”

Os olhos do mundo se voltaram às últimas homenagens ao Papa emérito Bento XVI, falecido na manhã de 31/12/2022, com visitações ao corpo exposto na Basílica de São Pedro (cerca de 200 mil fiéis), Santa Missa Exequial na última quinta-feira (05) e sepultamento nas grutas vaticanas, no local onde antes jazia o corpo de São João Paulo II.

“Foi um funeral ‘sóbrio e simples’, como Bento XVI, reunindo toda a Igreja. A Praça São Pedro estava lotada de bispos e cardeais, na presença do Papa Francisco. Um papa sepultando outro papa. Um momento muito significativo na vida da Igreja e de grande comoção interior. Eu mesmo vivi com interioridade aquele momento. Era uma tristeza e, ao mesmo tempo, uma grande consolação pelo homem que ele foi, pelo bispo que ele foi e pelo papa que ele foi”, pontuou o cardeal.

Funeral de Bento XVI




Funeral de Bento XVI

Bento XVI, memória viva da Igreja

O arcebispo de Brasília contempla os feitos de Ratzinger e a intensa participação do Papa emérito nos acontecimentos da Igreja Católica nas últimas décadas, entre os séculos XX e XXI.

“Bento XVI foi o homem que viveu a Igreja antes do Concílio Vaticano II. Era um jovem teólogo naquele tempo. Ajudou a influenciar o Concílio Vaticano II, e viveu todo o tempo do pós-Vaticano II na aplicação do Concílio. Ele guiou a Igreja por um tempo, e se olharmos bem a riqueza dos ensinamentos dele, a riqueza do patrimônio que ele deixou pra vida da Igreja, eu direi que o seu Pontificado continuará a ser redescoberto e que a riqueza dos seus ensinamentos continuará a iluminar ainda a vida da Igreja por algum tempo”, frisou dom Paulo.

O cardeal reflete que o mesmo sentimento de orfandade vivido pelos católicos com a perda de Bento XVI vigora também no coração do Papa Francisco, sobretudo pelo modelo de segurança e sabedoria assumido pelo Papa emérito em todo o seu tempo de vida. “Talvez para Francisco vai ser o momento de aprender a viver sem a presença do avô na família da Igreja, que morava ali bem perto dele, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, rezando e se consumindo pela Igreja”, afirmou o arcebispo de Brasília.

As últimas palavras de dom Paulo reavivam a imagem de Bento XVI enquanto o “amigo do Esposo”, a alma esponsal de Jesus Cristo, baseado nos pensamentos do Papa Francisco. O arcebispo disse, por fim: “Penso que a homilia da Santa Missa Exequial de Bento XVI refletiu também o sentimento que o próprio Bergoglio estava vivendo naquele momento: a perda do avô”. 

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