Catequese a serviço da Iniciação Cristã

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Não vivemos mais em tempo de cristandade, com a hegemonia religiosa e cultural da Igreja. O mundo contemporâneo abre cada vez mais espaço ao diferente, e o porvir se anuncia mais plural, também no campo religioso. A Igreja está aprendendo novos caminhos.

         Antes, contávamos com pilares seguros que garantiam a educação da fé na família, na escola e na Igreja. As profundas transformações sociais e religiosas trazem no seu bojo fenômenos bem diversos e contraditórios: secularização, indiferentismo religioso, liberdade de escolha, crise das instituições religiosas, dicotomia entre fé e vida, adesão parcial, religião invisível, prática intimista, busca de uma religião de consumo, enfraquecimento ou abandono da fé. Que convivem com posições bem positivas: vivência convicta, madura, esclarecida e comprometida da fé, fiel à missão de evangelizar com novo ardor e com novos métodos; a Igreja busca caminhos para enfrentar os desafios atuais. Nesta busca, reassume e propõe algo que lhe é peculiar desde os albores de sua história: a pedagogia da iniciação na comunidade cristã e no “mistério da salvação” em Jesus Cristo. Assim, retoma a prática de ajudar a moldar a identidade cristã de quem opta por Jesus. O convertido aprende a ser cristão.

Os catequizandos, hoje, necessitam, sobretudo, do primeiro anúncio (do querigma), de um primeiro passo para a conversão, de um encaminhamento ao seguimento e discipulado de Jesus Cristo. A catequese assume, então, as características da evangelização. Hoje, a catequese precisa voltar a ter as características de um processo de iniciação para aqueles que optam pelo Evangelho, como era no antigo catecumenato. A inspiração catecumenal deve iluminar qualquer processo catequético e tornar-se um “modelo para toda a catequese”.

Não vivemos mais em tempo de cristandade, com a hegemonia religiosa e cultural da Igreja. O mundo contemporâneo abre cada vez mais espaço ao diferente, e o porvir se anuncia mais plural, também no campo religioso. A Igreja está aprendendo novos caminhos.

A catequese, hoje, sem abandonar outras faixas etárias, privilegia os adultos como os principais interlocutores da mensagem cristã, para que superem uma fé infantil, intimista e individualista. Firmados na sua verdadeira identidade como cristãos, poderão exercer diversos ministérios na comunidade eclesial, entre eles a educação da fé das novas gerações e serão sal e luz na construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Hoje, a catequese é convidada a se inspirar no itinerário catecumenal em todas as suas formas. Os catecúmenos (os que ainda não foram batizados) e os batizados se beneficiarão das riquezas desta escola preparatória à vida cristã. A catequese, então, deixará de ser encarada somente como preparação para os sacramentos e uma mera doutrinação. Ao repropor a opção por Cristo, ela contribuirá para que as pessoas vão se tornando cristãs, num processo contínuo e progressivo de educação da fé.

Algumas dioceses e paróquias já se organizaram e estão realizando uma experiência de catequese à luz do Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA).

(9ª parte dos artigos de Dom Félix sobre o “Catequese e Liturgia”).

Fonte

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