Catequese e Liturgia ao longo da História da Igreja – 1ª parte

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As primeiras comunidades cristãs nasceram com uma grande certeza que as sustentava e as impelia ao anúncio do Mistério de Cristo e ao cumprimento do que Ele próprio havia ordenado: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. Essa certeza, que constituiu o conteúdo central do seu anúncio, o querigma, consiste na ressurreição de Jesus. Portanto, o Mistério Pascal, com ênfase na Ressurreição do Crucificado, e suas consequências para a vida prática são o cerne, o foco mais relevante da catequese, da liturgia e de toda a vida cristã.

O cristianismo nascente, pouco a pouco, foi se separando dos costumes judaicos, ainda que tenha conservado muitos dos seus elementos preciosos. A participação na sinagoga, o sábado e os rituais litúrgicos foram sendo substituídos por novas práticas.  Encontros, aos domingos, faziam a memória da morte e ressurreição de Cristo, celebravam um rito muito simplificado que lembrava a última ceia, ouviam os ensinamentos dos apóstolos e de outros líderes, e procuravam tirar consequências práticas, éticas, para a vida cotidiana. Não havia separação entre o que celebravam e o que acreditavam. O catecumenato, processo de preparação de adultos para a vida cristã, congregava muito bem catequese, liturgia, inserção na comunidade, missão e testemunho da fé.

O século IV d.C. trouxe consigo a obrigatoriedade do cristianismo em todo o império romano. O catecumenato foi se diluindo lentamente e, cada vez mais, foi se tornando comum o batismo de crianças. As grandes conquistas feitas pelo império romano traziam massas de homens e mulheres que deviam ser batizados e as comunidades cristãs não tinham estrutura para preparar bem tanta gente. A chamada ‘cristandade’ começa a se impor. Pinturas, construções, arte, literatura, música, festas, tudo refletia os ensinamentos dados pela religião cristã. Bastava olhar para um quadro, por exemplo, e já se via ali estampado algum motivo religioso. Nascia-se cristão, como peixe nasce nadando, e não se julgava necessária uma catequese mais aprofundada; afinal, a religião estava em tudo e era tudo. A liturgia foi ficando cada vez mais complexa e distante do povo, em muitos casos reduzida apenas a um ritualismo muito bonito de se ver.

(11ª parte dos artigos de Dom Félix sobre “Catequese e Liturgia”).

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