O início do século XIV marcou a história do Cristianismo com a Reforma Protestante de Lutero. Ele queria os pastores mais perto do rebanho, dando-lhe alimentação doutrinal e espiritual. Colocou a Bíblia na mão do povo e organizou um catecismo para instruí-lo. Infelizmente, faltou colóquio de ambos os lados, da parte da Igreja e dos reformadores.
A resposta da Igreja veio com o Concílio de Trento (1545-1563). Para fortalecer a base doutrinal dos adultos e das crianças, a Igreja investiu na catequese formal, organizando salas de estudo e vinculando catequese à doutrinação nas escolas paroquiais. Começou o tempo dos conteúdos a serem decorados e das famosas “perguntas e respostas”. A liturgia foi se distanciando do povo. A língua deixa de ser a de cada povo com a unificação do latim e sua obrigatoriedade. Adotou-se, para os ritos, um conjunto de símbolos, objetos, roupas e normas próprias da Europa. Muitas celebrações chegaram a parecer verdadeiros ‘teatros’. Também seu conteúdo se esvaziou, pois o próprio Mistério Pascal foi ficando de escanteio, cedendo lugar às devoções. O que acontecia na Igreja era bonito de se ver, mas tinha pouca relevância na vida prática do cristão. Até a Eucaristia servia mais para ser exposta, vista, contemplada, adorada, enquanto perdia-se a dimensão da ceia e do sacramento da união do cristão com a causa de Jesus Cristo!
Catequese e Liturgia se separaram drasticamente. A primeira foi reduzida a conceitos. A segunda transformou-se numa grande farmácia para o povo, tendo os sacramentos como remédios. Foi necessário que o Espírito Santo, Eterno Renovador da Igreja, soprasse forte e iluminasse a mente do Papa João XXIII, que teve a ousadia de afirmar em meados do século XX: “Não é o Evangelho que muda; nós que começamos a compreendê-lo melhor. Chegou o momento de reconhecer os sinais dos tempos, de aproveitar a oportunidade e olhar distante”. E o Concílio Vaticano II veio recuperar os autênticos valores cristãos dispersos nos dois mil anos de Cristianismo!