Encapuzados atacaram inicialmente a Igreja de São Francisco Borja, usada pelos Carabineiros e já atacada em outro protesto. O templo foi saqueado e algumas imagens foram levadas para a rua onde foram queimadas. Mais tarde, os manifestantes dirigiram-se para a Igreja La Assunción, uma das mais antigas do centro de Santiago, depredando e ateando fogo no templo. A cúpula pegou fogo e desabou, o que foi festejado pelos manifestantes.
Vatican News
“Contemplamos com tristeza as agressões, saques e os ataques a lugares de oração, espaços sagrados dedicados a Deus e ao serviço solidário das pessoas. Dói-nos ver um templo patrimonial de Santiago destruído e que a destruição seja festejada. Às comunidades da paróquia de La Asunción e à igreja institucional de Carabineros de Chile expressamos nossa especial proximidade.”
Em nota assinada pelo presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Santiago Silva Retamales, e pelo secretário geral, o arcebispo de Puerto Montt, Dom Fernando Ramos Pérez, os bispos chilenos deploram e condenam os ataques contra igrejas no centro de Santiago, nas manifestações que reuniram milhares de pessoas na Plaza Italia, no âmbito do primeiro aniversário da onda de protestos, que começou contra o aumento das passagens do transporte público e se estendeu para reivindicações mais amplas. Foram os mais graves protestos desde o fim da ditadura militar (1973-1990).
Encapuzados atacaram inicialmente a Igreja de São Francisco Borja, usada pelos Carabineros e já atacada em outro protesto. O templo foi saqueado e algumas imagens foram levadas para a rua onde foram queimadas. O incêndio no prédio foi debelado pelos bombeiros antes de provocar maiores danos. Os manifestantes, então, dirigiram-se para a Igreja La Assunción, uma das mais antigas do centro de Santiago, depredando o que encontraram e ateando fogo no templo com mais de um século de história. A cúpula pegou fogo e desabou, o que foi festejado pelos manifestantes.
“Esses grupos violentos – afirmam os bispos no comunicado – contrastam com muitos outros que se manifestaram pacificamente. A grande maioria do Chile anseia por justiça e medidas eficazes que contribuam para superar as lacunas de desigualdade; eles não querem mais corrupção nem abusos, esperam um tratamento digno, respeitoso e justo.”
A nota enfatiza que “esta maioria não apóia nem justifica as ações violentas que causam dor a pessoas e famílias, prejudicando comunidades que não podem viver sossegadas em suas casas ou no trabalho, amedrontadas por aqueles que não buscam construir nada, mas sim arruinar tudo”.
Em vista do plesbiscito convocado para o próximo domingo, 25 de outubro, para decidir pela abertura ou não de um processo constituinte para substituir a atual Constitução, herdada da ditadura e considerada como origem das desigualdades existentes no país, os bispos afirmam que “os cidadãos que desejam justiça, probidade, superação das desigualdades e oportunidades para podermos nos levantar como país, não se deixarão assustar pelas ameaças de violência e estarão presentes para cumprir sua responsabilidade cívica. Nas democracias, nos expressamos com o voto livre em consciência, não sob a pressão do terror e da força.”
A nota conclui com um apelo para que todos contribuam, “a partir dos próprios espaços familiares, no trabalho e nos espaços sociais, com uma reflexão que nos permita tomar suficiente distância da violência irracional e nos aproximar da amizade cívica”, citando o Papa Francisco que recorda na Encíclica Fratelli Tutti que “somente cultivando o amor como forma de nos relacionarmos tornaremos possíveis a amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos”. A partir desta atitude de fraternidade, poderemos expressar-nos com respeito, participar sem medo da democracia e concorrer na busca do bem comum.”