Com Cabral temos um porvir muito mais risonho do que sem ele

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Decorre na tarde deste dia 21 de novembro, em Paris, na renomada Universidade Sorbone, uma homenagem a Amílcar Cabral, enquadrada no primeiro centenário do seu nascimento. Paris e Sorbone, lugares simbólicos na luta de libertação da África, conduzida por esse grande líder e humanista e que os organizadores do encontro quiseram trazer à comemoração da atualidade e futuralidade do seu legado – explica o intelectual e um dos organizadores, Filinto Elísio.

Dulce Araújo – Vatican News

É uma iniciativa que tem como principal promotora a Rosa de Porcelana Editora, cofundada e cogerida pela professora Márcia Souto e pelo escritor, Filinto Elísio, que já a semana passada esteve em Roma, onde participou, na presença do Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, no evento de lançamento, a 15/11/2024, do livro, em italiano, “Amílcar Cabral: uma ponte entre a Itália e a África” da autoria de Filomeno Lopes.

O lançamento foi promovido pela Associação africana “Le Reseau” em colaboração com as Secções africanas da Rádio Vaticano e a Associação de Africanos e Malgaxes ao Serviço dos Generalatos.

No dia seguinte ao encontro, Filinto Elísio esteve nos estúdios da Rádio Vaticano, onde, numa entrevista, partilhou as suas impressões, dizendo que o encontro não podia ser mais pródigo.

Filinto Elísio e o Cardeal Parolin

Filinto Elísio e o Cardeal Parolin

Encontro de Paris

De salientar que a Rosa de Porcelana Editora, na pessoa dos seus fundadores, foi um dos organismos da sociedade civil que acolheu o convite da Fundação Amílcar Cabral para realizar ações comemorativas do centenário do líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, e depois do Colóquio sobre Amílcar Cabral, em junho passado no Sal, fecha agora com o encontro de Paris que conta com o apoio da UNESCO e a curadoria de Maria Benedita Basto.

De forma geral houve ao longo do ano várias iniciativas, mesmo científicas, levadas a cabo por vários organismos, facto que não surpreende o poeta, Filinto Elísio, que não deixa, todavia, de sublinhar o facto de oficialmente as Autoridades de Cabo Verde e da Guiné-Bissau não terem de “forma pujante e sistemática inscrito o programa do Centenário nos seus programas oficiais.” Participaram, no entanto, doutras formas que ele não deixa de pôr em relevo.

O entrevistado frisa ainda que falar de Cabral suscita diversas posições e que isto está ligado ao facto de o seu pensamento ser grande, complexo e dialético. Quando se fala dele está-se a afirmar a sua importância. O seu legado ainda tem muito porvir pela frente.

No que toca ao encontro de Paris, Filinto Elísio elucida os simbolismos que levaram a realizar nessa cidade e na Universidade Sorbone a Homenagem deste dia 21, centrada nas lutas de libertação dos povos e na ressignificação das realidades pós-coloniais.

Cartaz do encontro de Paris

Cartaz do encontro de Paris

Cinquentenário das Independências

E do Centenário de nascimento de A. Cabral, transita-se, em 2025, para os Cinquentenário das Independências das antigas colónias portuguesas, o que significa, segundo Filinto Elísio, que se vai continuar a falar de Cabral que muito contribuiu para trilhar esses caminhos.

E celebrar Cabral – sublinha ainda Filinto Elísio – é proclamá-lo, mas sobretudo continuar a trabalhar para melhorar o desenvolvimento, a democracia, a vida nesses países.

“É hora de colocar Cabral na frente (interpretando-o a cada tempo) do desenvolvimento dos nossos países, pois, “com Cabral temos um porvir muito mais risonho do que sem ele”  – remata Filinto, que revela acalentar o desejo de que todo o manancial das reflexões sobre Cabral neste Centenário, seja publicado para permitir levar mais além os estudos sobre esse grande líder mundial.

Pode ouvir a entrevista no programa “África em Clave Cultural: personagens e eventos” deste dia 21/11/2024. 

Fonte

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