Comunidades de base da Prelazia de Tefé tornam presente o reino de Deus

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As Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Prelazia de Tefé estão reunidas na paróquia São Joaquim de Alvarães para a sexta edição da assembleia. Cerca de mil pessoas de 14 paróquias e 3 áreas missionárias que fazem parte a Igreja local buscam impulsionar “Uma Igreja sinodal em saída: vida plena e missão”, tema do encontro.

Pe. Luis Miguel Modino*

Após uma animada celebração de abertura, os participantes do encontro iniciaram os trabalhos, divididos em 4 grupos – tapiris na linguagem da Amazônia, para refletir sobre os influenciadores digitais na Igreja, ecologia integral e sinodalidade, compromisso para a justiça social, missionariedade e os desafios e perspectivas em um mundo polarizado.

A assembleia das CEBs terminam no domingo, 13 de julho

A assembleia das CEBs terminam no domingo, 13 de julho

São as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que evangelizam o interior da Amazônia, mas também levam a Boa Notícia às periferias das cidades. Elas assumem as palavras de Papa Francisco, que dizia que “evangelizar é tornar presente o reino de Deus no meio de nós”, como lembrou o assessor da Comissão para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Pe. Dário Bossi. O missionário comboniano disse que tornar presente o reino no meio de nós é cuidar, curar, as feridas do mundo, sendo a Igreja um hospital de campanha; é viver de graça, uma dificuldade no mundo hoje, onde tudo é retribuído, mas que é assumido nas CEBs; é uma Igreja que caminha leve, com pouca coisa; é doar a paz, como Igreja que visita, que se desloca, que não fica no comodismo, que quer conhecer, quer achar qualquer pessoa que seja, católica ou não católica; uma Igreja que vai ao encontro.

Mergulhar nas águas mais profundas

As CEBs que se concretizam na luta comum pela preservação dos lagos, pelos direitos, segundo o bispo da prelazia de Tefé, dom José Altevir da Silva. Comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, “que evangelizam com os pés nas margens dos rios”, segundo o bispo. Ele fez um chamado a “dar um verdadeiro mergulho nessas águas mais profundas, da escuta, nas águas profundas da conversão pastoral, nas águas profundas do compromisso profético, nas águas profundas da defesa pela vida em nossa lar comum”.

Dom Altevir insistiu na necessidade do protagonismo feminino e juvenil nos espaços de decisão da Igreja, na convivência pacífica na lar comum, na força do laicato e da participação popular nas estruturas comunitárias, na influência da realidade social, política em nossa fé, ficando atento ao que vai ser ameaça para a nossa fé. Ele se referiu aos novos horizontes de evangelização em um mundo polarizado, e aí ser sinal de reconciliação e de justiça. O bispo da prelazia convidou os participantes a viver a assembleia com o coração aberto, com o espírito em colóquio com todos.

Os influenciadores digitais

As redes sociais fazem parte de uma realidade da vida das pessoas e em todos os cantos do planeta, como também no interior da Amazônia, onde aos poucos a internet se fez presente na vida do povo. Daí a importância da reflexão sobre os influenciadores digitais na Igreja católica, uma temática abordada por José Abilio Barros Ohana. Ele definiu as redes sociais como ambiente de conversa, refletindo sobre a repercussão na vida das pessoas e das comunidades. Não podemos esquecer que o Brasil é o segundo país que mais usa as redes sociais.

Uma realidade que encerra riscos, dado que que a desinformação e as mudanças climáticas são os grandes riscos no mundo de hoje, segundo o assessor. Ele insistiu que rede social é um espaço de conversa, mas não de construção, algo que se faz realidade na vida concreta, também no campo religioso, que precisa da caminhada em comunidade. A vivência religiosa não pode se limitar ao mundo virtual, uma reflexão relevante diante de uma vivência cada vez mais ligada a influenciadores digitais, seguidos fielmente por milhões de pessoas, que colaboram com elas, inclusive financeiramente.

O fim é a comunidade

Se faz necessário entender que a rede social não pode ser o fim da vida da comunidade: é um meio; o fim é o território, é a comunidade, segundo Abilio Ohana. Ele defende a necessidade da regulação do uso da internet, em vista de serem usadas para o bem comum e não para o prejuízo das pessoas, dos territórios, da vida, amparados por grandes grupos econômicos com interesses próprios econômicos, políticos, de poder, que são contrários à vivência da Igreja sinodal.

O critério é o Evangelho, o desafio é o como, segundo Abilio Ohana. Ele fez um chamado a dar as mãos com aqueles que constroem nos territórios, destacando a importância da Pastoral da Comunicação. Nas comunidades eclesiais de base o mundo digital ajuda, mas também atrapalha o trabalho que é feito no território. Daí a importância dessa reflexão, “um momento relevante de alerta, de conversa, de receber o retorno de quem realmente mora nos territórios”, destacou o assessor.

* Manaus/AM

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