“Vamos evangelizar as eleições no nosso país!”, apelou veementemente o Cardeal arcebispo de Abidjan, na Costa do Marfim, Dom Ignace Bessi Dogbo, na sua homilia durante a Missa de encerramento do ano pastoral 2024-2025 na Arquidiocese. À medida que as tensões aumentam na esfera política costa-marfinense, a três meses das eleições presidenciais, o prelado exortou os fiéis a anunciarem nas próximas eleições “a felicidade do Evangelho, feito de paz, justiça e fraternidade!”.
Vatican News, com Marcel Ariston Blé – Abidjan
No sábado, 5 de julho de 2025, fechou-se o pano para o ano pastoral 2024-2025 na arquidiocese de Abidjan. A Missa de encerramento, celebrada na Catedral de Saint Paul du Plateau, foi presidida pelo arcebispo o Cardeal Dom Ignace Dogbo Bessi. Sob o tema “Vivamos a Igreja sinodal”, este ano pastoral foi marcado por um renovado empenho da Igreja-Família de Deus em Abidjan, em comunhão e sinodalidade. O Cardeal Bessi encorajou ainda os fiéis a intensificarem esta dinâmica de caminho comum, a fim de construírem Comunidades plenamente enraizadas na fraternidade e na corresponsabilidade.
Apelo a proclamar a verdadeira felicidade do Evangelho
Inspirando-se nos textos litúrgicos do dia, que evocavam a felicidade das bodas, o arcebispo de Abidjan convidou os fiéis a depositarem a sua total confiança em Jesus Cristo, o Esposo, fonte da verdadeira felicidade. “Nós, convidados às bodas, devemos ingressar no espírito da festa do Esposo, pedir, acolher, nutrir e proclamar a verdadeira felicidade, para que as bodas nunca se transformem em luto“, recomendou o prelado, exortando os fiéis à oração fervorosa para obterem a graça dessa felicidade espiritual.
Convite urgente para “evangelizar” as eleições
Enquanto a Costa do Marfim se prepara para viver umas eleições fundamentais, o Cardeal Bessi reiterou que o País precisa da Boa Nova do Reino de Deus mais do que nunca. “Anunciemos à nossa nação a justiça, a paz e a felicidade! Anunciemos nas próximas eleições a felicidade do Evangelho, feito de paz, justiça e fraternidade!”, enfatizou o arcebispo de Abidjan.
“Vamos desmistificar, desdramatizar e tornar as eleições mais naturais e simples. Evangelizemos as eleições no nosso país! Que elas sejam boas e alegres notícias, portadoras de vida, e não de morte ou tristeza“, continuou o purpurado, para quem todo o cidadão se deve comprometer a servir o próximo, não por constrangimento, mas com felicidade. Segundo o Arcebispo de Abidjan, tal atitude transformaria as eleições num “exercício pacífico e fraterno, onde os interesses se harmonizam e os corações se apaziguam, banindo assim todas as formas de tirania, manipulação ou abuso da lei“.
Igreja sinodal, modelo de comunhão para a sociedade
Refletindo sobre a experiência sinodal do ano passado, o Cardeal Bessi enfatizou a urgência de os fiéis fortalecerem a comunhão fraterna no seio da Igreja, de forma a serem testemunhas autênticas dessa mesma comunhão na sociedade. “A felicidade dos convidados às bodas, fruto do Espírito Santo, está enraizada e fortalecida numa Igreja que vive a sinodalidade e a participação ativa de todos na missão comum“, afirmou o purpurado, que também denunciou, com firmeza, todas as formas de “discriminação, etnocentrismo, sectarismo ou mesmo isolamento comunitário, que vão contra a vocação universal da Igreja, chamada a ser luz para a sociedade“.
Testemunhas da felicidade do Evangelho na sociedade
Segundo o Cardeal Bessi, a felicidade que nasce da comunhão na Igreja sinodal não é secundária: “É essencial. Fortalece a felicidade dos convidados às bodas. É o verdadeiro profeta que atrai as almas ao Esposo“, afirmou o Cardeal, convidando os fiéis a continuarem os seus esforços para estabelecer, nas paróquias e comunidades, “estruturas de comunhão e participação que sejam verdadeiros lugares onde a felicidade das bodas se torne palpável e visível“.
Assim, Dom Ignace Bessi Dogbo apelou aos fiéis a construírem comunidades onde as estruturas de concertação são verdadeiros centros de felicidade evangélica. Exortou-os a permanecerem testemunhas alegres do Evangelho, distante de qualquer melancolia ou egocentrismo.
“Não sejamos cristãos tristes, fechados nas nossas opiniões, nos nossos projetos ou nos nossos bens pessoais“, insistiu Dom Bessi. “É na medida em que vivermos plenamente a felicidade do Evangelho na nossa diocese que seremos verdadeiramente capazes de a transmitir aos que nos rodeiam e em toda a nossa nação“, concluiu, convidando todos os fiéis a comprometerem-se ardentemente com “a dinâmica de uma Igreja sinodal, alegre e ao serviço de todos“.