“Nosso valor humano não é uma medida da nossa capacidade física ou mental, da nossa função no seio da sociedade, da nossa idade, da nossa saúde ou de qualquer outra avaliação qualitativa. Deus deu a todos igual dignidade e valor”.
O apelo foi feito no momento em que no país, em plena pandemia do coronavírus, começou o debate sobre quem tem o “direito” a ser assistido, quando faltam respiradores, e a que ponto é justo interromper as ajudas vitais
Cidade do Vaticano
“A escolha de interromper as ajudas vitais a uma pessoa enferma da Covid-19 jamais seja baseada no critério da idade ou de outras características sociais como medida de valor daquele ser humano.”
O apelo foi formulado pela Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales (Cbcew), no momento em que no país, que se encontra em plena pandemia do coronavírus, começou o debate sobre quem tem o “direito” a ser assistido, quando faltam aparelhos respiradores, e a que ponto é justo interromper as ajudas vitais.
Deus deu a todos igual dignidade e valor
Num comunicado, os responsáveis pelo setor bioética e saúde mental da Conferência episcopal, o bispo de Arundel and Brighton, dom Charles Phillip Richard Moth; o bispo auxiliar de Westminster, dom John Sherrington; e o vigário episcopal de Southwark, dom Paul Mason, recordam que “como católicos nosso ponto de partida é que somos todos feitos à imagem e semelhança de Deus”.
“Nosso valor humano não é uma medida da nossa capacidade física ou mental, da nossa função no seio da sociedade, da nossa idade, da nossa saúde ou de qualquer outra avaliação qualitativa. Deus deu a todos igual dignidade e valor”, prosseguem.
Garantir tratamento que promova dignidade de toda pessoa
A decisão de suspender as ajudas vitais a um indivíduo, escrevem ainda os bispos ingleses, “deve ser uma escolha pragmática sobre a probabilidade de que o indivíduo possa obter benefício da intervenção médica. Trata-se de um princípio respeitado pela legislação e também pela constituição do serviço de saúde britânico e devemos garantir tratamento num modo que promova a dignidade e a compaixão por toda pessoa”.
“Esse princípio foi mais vezes reiterado na jurisprudência e a própria Constituição do Serviço de Saúde Nacional reitera que devemos oferecer assistência e apoio de modo a assegurar dignidade e compaixão por toda pessoa a quem servimos”, recordam dom Moth, do departamento para a justiça social; dom Mason, especialista em questões de saúde; e dom Sherrington, especializado em questões atinentes à vida.
Critério prognóstico e probabilidade de êxito positivo
Desde quando começou a pandemia, lê-se ainda no comunicado da Conferência Episcopal da Inglaterra e Gales, “os recursos foram colocados segundo as necessidades médicas e o benefício para os pacientes. Hoje, essa abordagem deve ser completada pela necessidade de maximizar recursos escassos para o bem comum e, portanto, o prognóstico e a probabilidade de um êxito positivo se tornam os critérios mais importantes”.
O fundo especial da Jornada pela vida (Day for life) da Conferência episcopal doou 15 mil esterlinas (equivalente a mais de 100 mil reais, ndr) para estruturas de saúde que se encontram mais em dificuldade neste período de emergência coronavírus.
Apelo à solidariedade
A organização caritativa britânica “Hospice UK”, que reúne várias realidades engajadas no tratamento paliativo aos doentes terminais, lançou um apelo à solidariedade.
O objetivo da campanha é também permitir que o sistema hospitalar britânico consiga suportar, a longo prazo, o impacto da emergência sanitária.