Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Neste segundo encontro, a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida”.
Vatican News
Olá ouvintes da Rádio Vaticano, somos Marlon e Ana Derosa. Este é o “Programa cultura da vida”, onde a cada semana vamos refletir sobre um tema relacionado à família e a vida. Hoje vamos falar sobre a famosa frase de São João Paulo II: “A Família é o santuário da vida” (Carta às famílias, João Paulo II, 1994).
O que significa a expressão “santuário da vida”? Santuário significa lugar sagrado, protegido, reservado ao que é mais precioso. Aplicando essa definição à família, nós temos que ela é o primeiro lugar onde a vida humana é – ou deveria ser – acolhida, cuidada, protegida e valorizada. É a primeira escola de amor, a primeira escola de vida, a primeira escola de fé. Por isso, São João Paulo II escreveu também, na Familiaris Consortio, que “A tarefa fundamental da família é o serviço à vida” (FC, 28), ou seja, colaborando com Deus na transmissão da vida humana, educando os filhos na fé, no amor e na verdade. Nesse mesmo documento, o Papa escreveu que “O amor conjugal fecundo exprime-se num serviço à vida em variadas formas, sendo a geração e a educação as mais imediatas” (FC, 41), e depois, como consequência, no desenvolvimento da sociedade (FC, 42). Por isso, faz tanto sentido aquela frase dele: “o porvir da humanidade passa pela família” (FC, 75).
Na Centesimus annus, ele escreveu que “é necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta” (CA, 39), e aí ele faz um chamado para que trabalhemos no fortalecimento de uma verdadeira cultura da vida, porque, diante de tantos desafios, dificuldades e até mesmo más influências, infelizmente nem sempre as famílias conseguem ser esse santuário da vida. E nós sabemos que isso traz ainda mais problemas e sofrimentos. A primeira coisa que precisamos redescobrir e fortalecer em nós é a compreensão do papel do casal na acolhida à vida. Na missa do Jubileu das Famílias (01 de junho de 2025), o Papa Leão XIV deixou uma linda mensagem que reforça que o matrimônio deve ser a regra de um amor total, fiel e fecundo. Nesse sentido, a fecundidade é um pilar do matrimônio, e deve ser compreendida e vivida em plenitude, sabendo que a geração de uma nova vida é a consequência desse amor, que, segundo São Paulo aos Efésios, deve ser um reflexo do amor de Cristo pela Igreja. Depois, sabendo da dignidade desse amor, que é elevado a sacramento, a família é então a primeira a se responsabilizar pela acolhida e proteção à vida em todas as fases, desde a concepção, até o fim natural, especialmente aquelas mais frágeis, como o embrião, a criança, pessoas com deficiência, idosos, enfermos… A família deve ser uma verdadeira barreira contra aquilo que o Papa Francisco chamou de cultura do descarte. Somos chamados a fortalecer a cultura da vida em meio à sociedade em que vivemos. E como podemos cumprir essa missão? Antes de tudo, tomando consciência da nossa responsabilidade de acolher os filhos com generosidade, como prometemos no altar no dia do nosso matrimônio. Depois, educando nossos filhos na fé, ajudando-os a reconhecer o valor da vida e a importância de cuidar do outro com amor e respeito. E, por fim, oferecendo o testemunho concreto de um amor que se doa no cotidiano: um amor que revela, em gestos simples, a dignidade e o valor de cada membro da família. São esses valores, vividos e transmitidos com clareza dentro do lar, que ecoam na sociedade e ajudam a construir aquilo que São João Paulo II chamou de “civilização do amor” (Carta às famílias, 6). Se esses valores se enfraquecem ou se apagam dentro das famílias, isso vai aos poucos abrindo espaço para muitos males: carências, sofrimentos, egoísmo e, por fim, a terrível cultura do descarte. Apesar dos desafios e dificuldades, não podemos esquecer que Deus dá as graças que precisamos para vivermos o plano de Deus para a família como santuário da vida.
Vamos hoje aproveitar essa reflexão para olhar com afeto para o nosso casamento e a nossa família, e nos perguntarmos de que forma podemos fortalecer ainda mais a cultura da vida dentro do nosso lar? Será que estamos realmente transmitindo, com clareza e verdade, os valores da dignidade humana às novas gerações? Vamos refletir, sempre lembrando daquelas palavras que nunca deixarão de ecoar nos nossos corações: o porvir da humanidade passa pela família.
Um grande abraço a todos e até o próximo programa!