Cultura da Vida é um espaço de aprofundamento de temas relacionados à dignidade da vida humana e à missão da família como guardiã da vida com Marlon Derosa e sua esposa Ana Carolina Derosa, professores de pós-graduação em Bioética e fundadores do Instituto e Editora Pius com sede em Joinville, Santa Catarina. Marlon e Ana são casados há 8 anos, têm 3 filhos, são atuantes na Pastoral Familiar. Neste quinto encontro, precisamos nos formar.
Vatican News
Olá, amigos! Nós somos Marlon e Ana Derosa, e este é o Espaço Cultura da Vida.
No episódio de hoje, queremos falar sobre um ponto essencial: se queremos mesmo promover a cultura da vida – seja na Igreja, seja no mundo – precisamos nos formar. É necessário compreender, com profundidade, o valor e a dignidade de cada vida humana. E mais: precisamos estar prontos para proteger isso com bons argumentos, inclusive científicos, para que qualquer pessoa possa entender, mesmo que ela não tenha fé. Para isso, vamos trazer alguns trechos do documento da Igreja chamado “Dignitas personae”, da Congregação para a Doutrina da Fé, que trata de questões bioéticas bem importantes.
Nós escutamos e vemos, cada vez mais, uma série de relativizações sobre a vida humana, quando se fala de aborto, descarte de embriões, eutanásia… E a Igreja nos ensina algo muito claro: todo ser humano, desde a concepção até a morte natural, deve ter sua dignidade reconhecida (DP, 1) O ponto 1 da Dignitas personae diz que a dignidade de cada pessoa humana deve ser o centro de toda reflexão ética: tudo aquilo que envolve decisões sobre o início e o fim da vida deve respeitar essa dignidade. E veja, a Igreja não está falando só a partir da fé. Ao expor esses princípios e juízos morais, ela se apoia também na luz da razão, como diz o ponto 3 desse mesmo documento.
A ciência tem um papel muito relevante nisso tudo. O documento diz que a ciência é um precioso serviço ao bem integral da vida e da dignidade de cada ser humano, e a Igreja deseja que muitos cristãos estejam presentes nesse campo, inclusive na pesquisa biomédica, com ética e testemunho. A Igreja quer que os frutos dessas pesquisas cheguem, inclusive, às regiões mais pobres e necessitadas do mundo. Então veja: os católicos não são contra a ciência. Muito pelo contrário! É justamente com a ciência que nós reforçamos a reflexão ética. Mas existe um limite. O progresso científico é bom, sim – quando vem junto com o progresso humano. Porque nem tudo que a técnica permite… é moralmente certo. Por exemplo: a ciência já nos mostra com clareza que, desde a concepção, temos ali um novo ser humano, um ser único, que chamamos de zigoto.
A partir disso, entendemos que o embrião humano é uma vida nova, e, sendo vida humana, merece respeito. Esse é o ponto de partida da ética da vida. Se ali existe uma pessoa em desenvolvimento, temos que nos questionar: isso que estamos fazendo respeita ou atenta contra essa vida? E aí entram as questões práticas: aborto, FIV, congelamento e descarte de embriões… tudo isso precisa ser analisado a partir desse critério. Mas atenção: não se trata de falta de sensibilidade com as mulheres em situações difíceis, como uma gravidez inesperada ou em condições complicadas. Pelo contrário!
É justamente por amor a essas mulheres que a Igreja propõe algo melhor do que soluções simplistas, que, no fundo, acabam por negar a dignidade da vida humana. A Igreja reconhece essas dificuldades. E como está escrito no documento Mulieris dignitatem, que fala da vocação da mulher: “No cristianismo, mais do que em qualquer outra religião, a mulher tem, desde as origens, um estatuto especial de dignidade.” (MD I) E como diz também a exortação Amoris laetitia no ponto 5, o nosso chamado é: “estimular a apreciar os dons do matrimônio e da família e manter um amor forte e cheio de valores como a generosidade, o compromisso, a fidelidade e a paciência; encorajando todos a serem sinais de misericórdia e proximidade para a vida familiar, mesmo em suas dificuldades”. Essa é a proposta cristã. É nas famílias que começa a cultura da vida. Quando alguém estiver passando por um momento difícil, nossa missão é acolher, cuidar, ser sinal de misericórdia e proximidade. Vamos pensar de que forma podemos fazer isso ao nosso redor, na nossa própria família e na nossa comunidade.
Um grande abraço a todos, e até a próxima!