O metropolita de Filadélfia dos greco-católicos ucranianos, durante a celebração do Dia do Trabalho nos EUA, celebrado na primeira segunda-feira de setembro, destacou a importância das novas tecnologias generativas na proteção dos trabalhadores vulneráveis: o colóquio entre instituições, empresas e trabalhadores são as questões prioritárias
Vatican News
No Dia do Trabalho de 2025 nos Estados Unidos, dom Borys Gudziak, metropolita da Filadélfia dos grego-católicos ucranianos e presidente do Comitê de Justiça Interna e Desenvolvimento Humano da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, dirigiu-se aos fiéis com uma mensagem de reflexão e esperança, colocando em primeiro plano a importância da dignidade do trabalho humano. Hoje, essa dignidade deve confrontar a rápida disseminação da inteligência artificial, que está transformando profundamente o mundo do trabalho, as relações sociais e o cotidiano das pessoas. “Todo Dia do Trabalho – lembrou o arcebispo Gudziak -, “os estadunidenses refletem sobre a sagrada dignidade do trabalho e daqueles que o realizam. Hoje, fazemos isso em um contexto marcado pela entrada da inteligência artificial em nossas vidas, em lar e no local de trabalho.” Muitos se perguntam qual será o impacto dessa tecnologia em seus empregos ou nos de seus entes queridos. Embora reconhecendo as grandes promessas da tecnologia, dom Gudziak lembrou que a IA deve sempre enriquecer, e não diminuir, a sacralidade e a dignidade do trabalho humano, mantendo a pessoa e o bem comum em seu centro.
A importância da compaixão humana
O arcebispo destacou o potencial da IA na área médica, onde “poderia ajudar no desenvolvimento de vacinas, medicamentos e até mesmo no diagnóstico de doenças”. Ele esclareceu que “isso nunca deve acontecer em detrimento da dignidade humana, porque no atendimento ao paciente, a compaixão humana e a competência profissional não podem ser substituídas pela tecnologia”. Ao mesmo tempo, lembrou que, em muitos setores, um certo número de trabalhadores poderá perder o emprego, com profundas consequências para as famílias e comunidades, e que tais cenários precisarão ser cuidadosamente avaliados em praticamente todas as áreas da economia.
Tradição e doutrina social
A mensagem de dom Gudziak insere-se na longa tradição da doutrina social da Igreja, que sempre considerou o trabalho como instrumento de dignidade, participação na criação e serviço ao próximo. Evocando a Rerum novarum de Leão XIII, o arcebispo recordou como a Revolução Industrial gerou profundas desigualdades e desequilíbrios de poder, evidenciando a necessidade de proteger os trabalhadores e promover uma ampla justiça social. Hoje, diante da “revolução da IA”, as palavras do Papa Leão XIV nos exortam a observar os desenvolvimentos tecnológicos com “responsabilidade e discernimento”, para que permaneçam sempre a serviço do bem comum. “A história – enfatizou dom Gudziak – nos alerta para as consequências de um progresso técnico desprovido de critérios éticos, que corre o risco de ampliar as desigualdades e minar a estabilidade social”.
Riscos, colóquio e instituições
O recente documento da Santa Sé, Antiqua et nova, também esteve no centro da reflexão. Segundo dom Gudziak, ele destaca dois perigos: a desqualificação dos trabalhadores, reduzidos a tarefas rígidas e repetitivas, e a substituição total de categorias inteiras. Esses riscos, observou ele, dizem respeito não apenas a tarefas menos especializadas, mas também a profissões intelectuais e papéis de alta responsabilidade. Por isso, enfatizou a necessidade de um colóquio amplo e construtivo entre trabalhadores, empresas e formuladores de políticas, capaz de achar soluções compartilhadas. Foi dada especial atenção aos mais vulneráveis: imigrantes, trabalhadores braçais, jovens e trabalhadores de baixa renda, que muitas vezes pagam o preço mais alto nas crises econômicas. O prelado enfatizou então o papel das instituições, apelando ao desenvolvimento de um quadro legislativo e regulamentar capaz de governar a inovação, proteger aqueles em risco de exploração e fortalecer as redes de segurança social, quebrando assim o círculo vicioso da pobreza. “A riqueza e o poder não devem ser concentrados nas mãos de poucos privilegiados, deixando outros excluídos ou descartados.”
Evocação espiritual e compromisso
A mensagem concluiu-se com uma evocação espiritual: o arcebispo confiou as comunidades trabalhadoras à intercessão de São José Operário, “um humilde carpinteiro que personificou dignidade, diligência e cuidado através do seu trabalho diário e do amor pela sua família”. E convidou todos a comprometerem-se, através da oração e da ação, a construir um porvir em que cada pessoa possa achar dignidade, segurança e significado no trabalho.