«Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão» (CIC, 1422)
Jackson Erpen – Vatican News
No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre “Elementos fundamentais do rito penitencial”.
Padre Gerson Schmidt* tem nos proposto neste nosso espaço algumas reflexões sobre a Confissão. No programa passado, falou-nos sobre a “dimensão comunitária da Confissão”, afirmando inicialmente que “o movimento litúrgico e os documentos do Concílio Vaticano II fizeram redescobrir a dimensão comunitária de toda a liturgia, também do sacramento da Confissão, por meio da celebração comunitária e a dimensão social do pecado.” A nova fórmula da absolvição, por exemplo, completamente renovada, “indica que a reconciliação comporta a graça do perdão e da paz, provenientes da misericórdia de Deus que revela ao pecador penitente seu coração de Pai. No programa de hoje, o sacerdote incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, nos fala sobre os “Elementos fundamentais do rito penitencial”:
“Os padres no Concílio Vaticano II propuseram uma renovação do Rito Penitencial, do rito da confissão. Diz assim o número 72 da Sacrosanctum Concilium: “Revejam-se o rito e as fórmulas da penitência, de modo que exprimam com mais clareza a natureza e o efeito deste sacramento” (SC, 72). Os pontos fundamentais do novo rito penitencial proposto na Ordo Paenitentiae a fim de que aconteça uma verdadeira conversão, podem ser sintetizados em alguns pontos.
1 – Disposição primária interior de conversão, sincero arrependimento dos pecados, reparação do mal cometido, confiança na misericórdia de Deus: tudo suscitado pela Palavra de Deus e expresso na oração.
2 – Dimensão eclesial da celebração também individual, na qual cada penitente se sente ajudado por toda a Igreja em sua renovação. Sua penitência é reconciliação com Deus e também com os irmãos.
3 – Importância da Palavra de Deus no iluminar a consciência e no convite à conversão. Por isso, a preparação por meio da celebração da Palavra que provoca a mudança de cada um.
4 – Verdadeiro sentido da acusação dos pecados, confessando-os ao sacerdote concretamente, para que sejam absolvidos.
5 – Reconciliação como mistério da misericórdia e do amor do Pai que me ama, que nos associa à vitória de Cristo sobre todo o pecado, renovando-nos com o dom do Espírito Santo, superando uma concepção puramente ética e legalista do pecado.
6 – Função da penitência ou reparação que deve ser redescoberta com formas mais desafiadoras e adequadas.
7 – Necessidade de unir a confissão com a proclamação da misericórdia e do louvor a Deus, num sentido pascal e festivo, tal qual o filho pródigo que recebeu uma festa pelo Pai de misericórdia, quando retornou a lar paterna. Por isso, faz sentido a conclusão do rito penitencial rendermos graças pelo perdão recebido, com felicidade e ação de Graças, podendo desembocar na Eucaristia.
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.