Em Atenas, fragmentos do Partenon dos Museus Vaticanos: a emoção de Ieronymos II

0

O arcebispo ortodoxo de Atenas agradeceu ao Papa Francisco pela doação “prova tangível dos frutos produzidos pelas relações fraternas que existem entre nós cristãos” e convidou outros a seguir o exemplo do Pontífice. Uma delegação do Vaticano também esteve presente. Dom Farrell do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos: é um gesto eclesial de solidariedade e amizade com o povo grego

Michele Raviart – Vatican News

Após mais de dois séculos, os três fragmentos do Partenon custodiados pelos Museus Vaticanos retornam para Atenas. Depois do anúncio do dia sete deste mês, na tarde de sexta-feira, 24 de março, realizou-se a cerimônia de reunificação definitiva com as outras esculturas do templo expostas no Museu da Acrópole, na capital grega.

Uma prova tangível dos frutos do colóquio

Grande emoção e felicidade foi expressa por Sua Beatitude Ieronymos II, arcebispo da Igreja ortodoxa de Atenas, que ficou comovido “pela realização da iniciativa de nosso querido irmão” o Papa Francisco, que com seu gesto ecumênico e de paz, fez os fragmentos reencontrar “seu espaço natural” na Sala do Parthenon do Museu da Acrópole. A restituição, afirmou, “é uma prova tangível dos frutos produzidos pelas relações fraternas que existem entre nós cristãos, guiados pela verdade, amor, respeito mútuo e compreensão”, e demonstra “que soluções para quaisquer problemas e desentendimentos existentes são possíveis, desde que haja boa vontade e um sincero desejo de colaborar”. Ademais, através deste ato, “a verdade é restabelecida e aquelas feridas e traumas do passado são curados”, que são reunidos “neste monumento único do patrimônio cultural mundial como suas partes inseparáveis”. O desejo de Ieronymos II é que esta iniciativa “encontre outros imitadores”, porque o Papa Francisco mostrou que isto “é possível e tangível”.

Um gesto eclesial de amizade com o povo grego

Também esteve presente uma delegação do Vaticano, composta por dom Brian Farrell, secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pelo subsecretário Andrea Palmieri, pelo núncio apostólico na Grécia dom Jan Romeo Pawloksi e pela diretora dos Museus Vaticanos Barbara Jatta. A presença do Dicastério que trata das relações fraternas entre as Igrejas, sublinhou dom Farrell, faz com que a restituição “se manifeste como um gesto eclesial, cultural e social de amizade e solidariedade com o povo grego” e, portanto, tem “um significado especial ao afirmar cada vez mais fortemente a amizade e a proximidade espiritual entre nossas Igrejas”.

A cerimônia no Museu da Acrópole de Atenas

A cerimônia no Museu da Acrópole de Atenas

O encontro entre culturas é o meio para a paz

A decisão de restituir os três fragmentos amadureceu no Papa Francisco durante sua visita à Grécia em dezembro de 2021. “As pessoas de boa vontade”, reiterou dom Farrell, “podem ver neste evento a expressão de uma esperança compartilhada de que nossas diferentes culturas, e a própria arte, serão sempre um instrumento privilegiado de colóquio e de encontro entre os povos”.   “Neste intercâmbio”, reiterou, “nós nos enriquecemos mutuamente, na maravilhosa diversidade de nossas histórias, de nossas realizações e da aspiração universal pela paz e pela fraternidade”. Agora, que “somos testemunhas da falta de paz no mundo, sobretudo em relação ao nosso continente, a Europa”, “o encontro entre diferentes culturas pode ser o meio que permite à família humana florescer respeitando nossas diferenças e sensibilidades”.

A descrição dos três fragmentos

Os três fragmentos são oriundos cada um de uma parte diferente do templ construídos por Péricles entre 447 e 432 a.C. e foram esculpidos pelo grande escultor Phidias, que também era o supervisor do canteiro. O primeiro retrata uma cabeça de cavalo e faz parte do frontão que representa a disputa entre Atenas e Poseidon pelo domínio da Ática. O segundo é a cabeça de um menino carregando bolo votivo, que recorda a festa da fundação de Atenas e estava localizado na cela mais interna do Partenon. O terceiro fragmento é a cabeça de um homem barbudo e provavelmente fazia parte de um dos métopas que representavam uma centauromaquia no frontão sul.

Fonte

Escreva abaixo seu comentário.

Por favor escreva um comentário
Por favor insira o seu nome aqui