Está em andamento a segunda edição do prêmio dedicado a São Francisco de Assis e ao Beato Carlos Acutis. Foi apresentado na Sala Marconi da Rádio Vaticano, o reconhecimento que pretende apoiar projetos capazes de colocar a pessoa no centro. Dom Sorrentino: “A etimologia da economia refere-se à fraternidade. É relevante realizar uma economia generativa”.
Andrea De Angelis – Vatican News
Uma ajuda concreta para lançar processos econômicos que nascem de baixo com respeito pela pessoa, num clima de fraternidade, e que sejam um exemplo para a difusão de uma economia fraterna, humana e solidária, como desejada pelo Papa com “A Economia de Francisco”. Estas são as bases do Prêmio Internacional “Francisco de Assis e Carlos Acutis por uma economia da fraternidade”, instituído pela Fundação Santuário da Espoliação da Diocese de Assis – Nocera Umbra – Gualdo Tadino, que reconhece ao vencedor um ajuda de 50 mil euros. São nove pontos de avaliação, da credibilidade ao emprego, até a proteção ambiental. As candidaturas devem ser enviadas até 31 de dezembro de 2022 para o e-mail segreteria@francescoassisicarloacutisaward.com.
Sorrentino: a economia é fraterna
A apresentação da edição 2023 do Prêmio, em Roma, na Sala Marconi da Rádio Vaticana, nesta segunda-feira (05/12), contou com a presença de dom Domenico Sorrentino, bispo das Dioceses de Assis-Nocera Umbra-Gualdo Tadino e Foligno, padre Giulio Albanese, missionário comboniano e membro da comissão de avaliação do Prêmio, mons. Anthony Figueiredo, coordenador do Prêmio, e Catalina Hinojosa do Equador, uma das promotoras do projeto “Fazenda de Francisco”.
Dom Sorrentino destacou como a própria etimologia de “economia” se refere à família e, portanto, à fraternidade. “Economia”, explicou, “vem do grego οἶκος (oikos), lar, entendido também como bens de família, e νόμος (nomos) norma ou lei. Portanto, não há economia verdadeira se não houver uma economia da fraternidade. Ela deve ser redescoberta, para ser vivida nos fatos, deve ser redesenhada, redescoberta como palavra universal. Nós, cristãos, temos mais um motivo para fazê-lo porque temos o Pai Celestial”. São Francisco “investe tudo na fraternidade, na palavra frade, precisamente irmão. Ele também chamou assim o sol, tornou esta palavra universal ao unir o cosmos e o humano”, disse o bispo da cidade da Úmbria.
Ainda amanhã, em Assis, será realizada uma conferência sobre desarmamento nuclear. Em 2 de dezembro, o Papa mais uma vez, encontrando uma delegação do Seminário Rabínico Latino-Americano, reiterou sua denúncia contra a indústria armamentista, lembrando que novas armas estão sendo testadas na Ucrânia às custas das pessoas que morrem. “O não às armas está absolutamente ligado ao conceito de uma economia da fraternidade, que não pode ser baseada nas armas”, disse dom Sorrentino. Por fim, o bispo de Assis, fez uma reflexão sobre a bênção do presépio e a iluminação da árvore de Natal na praça em frente à Basílica de São Francisco, prevista para quinta-feira, 8 de dezembro. O tema deste ano é a água e as mudanças climáticas, e mais uma vez “é impensável falar de economia sem fazer referência ao cuidado da criação. Somos chamados a ser testemunhas e construtores de uma ecologia integral”.
Os jovens são protagonistas
“A ideia deste prêmio é genial, reconhece o talento dos jovens”, disse o padre Giulio Albanese durante a apresentação do prêmio. “Neste sentido estamos diante de um desafio, e não só eclesial. No continente africano, mas também em outros lugares, os jovens representam a maioria da população. No Continente Africano, mas também em outros lugares, um a cada dois cidadãos tem menos de 18 anos e nunca devemos esquecer que os jovens não só representam o porvir, mas já são o presente”. Para o sacerdote, este prêmio “tornou-se verdadeiramente o intérprete daquela ecologia integral concebida pelo Papa Francisco. Devemos entender que os problemas, mesmo nas periferias do mundo, nos tocam de perto. Ninguém se salva sozinho”, concluiu ele. A jovem Catalina Hinojosa, retomando precisamente as palavras do pe. Albanese, sublinhou como a intenção dos jovens é “ser protagonistas no presente, num colóquio intergeracional, intercultural baseado na escuta do outro”. Segundo o mons. Anthony Figueiredo “graças a esta iniciativa se vive realmente, se conhece a economia da fraternidade. O Papa Francisco fala frequentemente da cultura do descarte, de homens e mulheres sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo. Daí o descarte de quem não serve mais, como os idosos, os pobres, os deficientes. Diante da cultura do descarte”, afirmou na época Monsenhor Figueiredo, “se deve voltar a cuidar da nossa lar comum. Muitas vezes se fazem belas conferências, se escrevem belos documentos, mas não se vai além”. “Ao contrário, com este prêmio se vai além, se contribui para renovar a mentalidade de hoje, para passar do descarte a uma economia que faz viver e não morrer, inclui e não exclui”.
Os vencedores da primeira edição
O prêmio para o vencedor também consistirá na entrega de um ícone com a imagem de São Francisco e do Beato Carlos Acutis, além do lenço da espoliação confeccionado por Brunello Cucinelli. Em 2022, o prêmio foi conquistado por uma empresa filipina, reconhecendo o mérito de um projeto inclusivo para deficientes: Ecobriqs Charcoal Briquetes. É um grupo de 15 pessoas com deficiência da Diocese de Pasig que, com a ajuda da paróquia, aceitou a proposta de aproveitar resíduos, sobras e, antes de tudo, as ninfeias, que produzem – através de uma tecnologia revolucionária, briquetes de carvão. Durante muito tempo, o crescimento incontrolável das ninfeias arruinou os rios e outros sistemas de drenagem da cidade. Agora, as plantas se tornam fonte de energia e não é mais necessário cortar milhares de árvores para produzir carvão. É, portanto, uma verdadeira “economia da fraternidade”. Com a colaboração da paróquia local e da Diocese de Pasig, os irmãos deficientes foram inseridos na sociedade graças a uma formação profissional e cristã. Um reconhecimento também foi atribuído a “A Fazenda de Francisco”. O prêmio teve então uma espécie de ‘edição zero’ em 2021, com a entrega de um prêmio ao Instituto Seráfico de Assis por ocasião dos cento e cinquenta anos da instituição que sempre cuidou de pessoas com deficiência grave.