A missionária baiana Erika Teles foi selecionada em 2024 pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, para fazer parte do Órgão Consultivo Internacional da Juventude (IYAB, na sigla em inglês). Em entrevista, ela nos fala da missão desse órgão e dos desafios da expêriencia de representar a juventude perante à Igreja.
Ricardo Balsani – Vatican News
Representar perante a Igreja os mais de 90 milhões de jovens do Brasil, um país de dimensões continentais e realidades contrastantes. Esse é o desafio da baiana Erika Teles, que se encontrou nesta sexta-feira com o Papa Leão XIV, ao final de uma semana de atividades do Órgão Consultivo Internacional da Juventude (IYAB), na Cidade do Vaticano. Ela estava em companhia de outros 19 colegas do IYAB, cuja missão é análoga à sua: levar à Santa Sé as perspectivas dos jovens sobre diversas questões que são centrais para a missão da Igreja.
Em entrevista à Rádio Vaticana – Vatican News, ela nos fala sobre as atividades do IYAB, descreve a emoção de se achar com o Papa e fala sobre os desafios atuais da juventude.
Muito obrigado, Erika, pela entrevista. Você poderia nos falar um pouco sobre o IYAB? “O IYAB surgiu depois do Sínodo dos jovens que o Papa Francisco fez. No documento final ele sugeria que fosse criado um grupo consultivo de jovens de diversos países que representasse todos os cinco continentes, para que esses jovens pudessem colaborar com a missão da Santa Sé, colaborar com o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que tem um trabalho mais específico com os jovens e envolvendo a família. Então, somos jovens de 20 países diferentes representados aqui neste grupo. Estamos a serviço do Papa e da Santa Sé como consultores, para que possamos, com nossa experiência local, trazer a realidade juvenil para dentro do Vaticano. Colaborar, assim, com documentos, com formas de levar a evangelização para estes jovens, de formas diversas e também com a realidade local de cada um”.
Hoje vocês se encontraram com o Papa Leão XIV. O que foi dito nesse encontro? “Então, o Papa Leão fez um discurso para nós e, depois, individualmente, conversamos com ele rapidamente sobre a realidade local de cada um. Ele nos apresentava a necessidade de uma comunhão, de uma unidade e de missão. Enquanto jovens, somos chamados a ser missionários e a levar a palavra do Senhor para todos aqueles que nós encontrarmos. Ele lembrou-nos muito também sobre a sinodalidade, para que tivéssemos isso no nosso coração e pudéssemos levar para todos os nossos jovens, aqueles que conduzimos, aqueles que trabalhamos em nossos países, em nossos estados. Ele também pediu que fossemos também perseverantes na oração, para que possamos nos sustentar. A oração, ela é a base de tudo. Então, nós como jovens temos o desejo de verdadeiramente servir ao Papa, servir à Igreja. Doar as nossas vidas, gastar-nos por esta missão tão bela que a igreja tem e que nos é confiada. Uma responsabilidade muito grande, mas é uma missão que foi aceita também com muita humildade”.
Outra responsabilidade que foi confiada a vocês é a de representar os jovens de todo mundo, especialmente aqueles menos favorecidos, aqueles que não têm voz. Como vocês procuraram fazer isso até hoje? “É bem difícil representar a todos, né? Muitos vêm de países que são muito grandes. Eu, principalmente, o Brasil, que é muito grande. Mas tentamos, a partir da escuta, da atenção, da voz daqueles que não podem estar aqui, mas que nos transmitem os seus desejos, os seus sonhos, as suas necessidades, transparecer essa realidade para o Papa, para dentro da Santa Sé. A partir da experiência de cada jovem, de cada um que vive a sua realidade local, a sua necessidade, nós trazemos essa experiência para cá e a partir desta experiência, nós esperamos que sejam dadas luzes, direcionamentos para que possamos melhor acolher, melhor ouvir, melhor estar presente na vida destes jovens e levar a palavra de Deus a todos eles.

