O sacerdote jesuíta foi diretor da Rádio Vaticano de 1953 a 1967. Completou 102 anos em setembro passado. Padre Federico Lombardi, ex-diretor da emissora pontifícia, hoje presidente da Fundação vaticana Joseph Ratzinger-Benedetto XVI, recorda alguns momentos de sua vida.
Padre Federico Lombardi SJ
Faleceu aos 102 anos na tarde de sábado, 4, em Roma, na enfermaria da Residência São Pedro Canísio, em Roma, o padre jesuíta Antonio Stefanizzi, por muitos anos diretor da Rádio Vaticano. Durante 87 anos serviu ao Senhor e a Igreja na Companhia de Jesus.
Nascido em 18 de setembro de 1917 em Matino (Lecce), em uma família numerosa, foi admitido no Noviciado da Província Napolitana da Sociedade de Jesus em Villa Melecrinis al Vomero (Nápoles) em 1º de outubro de 1032, aos 15 anos. Também seu irmão Angelo, dois anos mais novo, seguiu pelo mesmo caminho quatro anos mais tarde, tornando-se um grande missionário no Sri Lanka, onde exerceu sua missão por 58 anos, trabalhando sobretudo com os pobres agricultores da região central da ilha, sendo chamado de “Padre Gandhi”, e onde veio a falecer em 3 de fevereiro de 2010. Padre Stefanizzi sempre permaneu profundamente unido ao seu irmão missionário.
Depois do noviciado, Antonio percorreu as etapas habituais da formação jesuíta: os estudos humanísticos do “carisma” em Vico Equense (1934-37); os filosóficos em Gallarate (1937-40); o período do chamado “magistério”, com estudos de matemática e física concluídos com o diploma na Universidade de Nápoles, onde morou no Gesù Nuovo (1940-43); estudos teológicos na Faculdade de San Luigi, no Escolásticado de Posillipo, em Nápoles (1943-46). A ordenação sacerdotal ocorre em 7 de julho de 1946.
Diretor da Rádio Vaticano por 35 anos
Em 29 de março de 1953, aos 35 anos, foi nomeado diretor da Rádio do Vaticano, sucedendo ao padre Filippo Soccorsi, que por sua vez sucedeu o padre Gianfranceschi em 1934, fundador da rádio junto com Guglielmo Marconi e seu primeiro diretor desde 1931.
Padre Stefanizzi é assessorado por um grupo de outros jesuítas de várias nacionalidades, que preparam e apresentam programas em diferentes idiomas no microfone, entre os quais, em particular, o padre Francesco Pellegrino, alma histórica e voz dos programas italianos da Rádio Vaticano, muito próximo ao padre Stefanizzi, que morou com ele em um alojamento próximo da Direção de Rádio, no alto da colina do Vaticano.
Os últimos anos, sempre a serviço da comunidade
Em 2014, com a condição geral de saúde mais precária, o que exigiu uma forma de assistência mais contínua e atenta, que não podia ser garantida pela Civiltà Cattolica, padre Antonio transferiu-se para a comunidade de São Pietro Canisio, na enfermaria, onde lhe foi confiada a característica e preciosa missão dos mais idosos: rezar pela Igreja e pela Companhia de Jesus. Esta foi, portanto, a última etapa de sua longa vida.
Embora nos últimos anos a memória tenha se enfraquecido, ele sempre pôde participar da vida da comunidade, às refeições comuns, na Missa e no Rosário com os idosos, se movendo em uma cadeira de rodas ou andando com o andador.
Ele sempre saudava a todos com seu sorriso aberto e amigável, decano amado de uma comunidade onde não faltavam os irmãos com 90 e até cem anos. Ele viu a chegada dos 100 anos com algumas preocupações: ele muitas vezes me perguntava se ainda precisava completá-los ou já os havia cumprido. Mas depois da bela festa pelos cem anos no refeitório da comunidade, não havia mais dúvidas. Ele ficou satisfeito com o bom serviço que prestara ao Senhor e à Igreja e aguardou serenamente o chamado final, que agora chegou após ter cumprido uma vida religiosa exemplarmente linear e fiel, além de extraordinariamente longa e sempre ativa.