Família: Dom e Compromisso (4ª Parte)

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À luz da teologia da doação, o Papa reflete sobre a linguagem do corpo e sobre o conjunto da sua expressividade e significação do dom pessoal da pessoa humana. Ele diz: “Como ministros de um sacramento, que constitui-se através do consentimento e aperfeiçoa-se através da união conjugal, o homem e a mulher são chamados a exprimir esta misteriosa linguagem dos corpos em toda a verdade que lhe é própria. Através de gestos e reações, de todo o dinamismo, reciprocamente condicionado da tensão e do prazer, aonde a direta fonte é o corpo na sua masculinidade e feminilidade, o corpo na sua ação e interação e, através deste, a pessoa “fala”.

E, exatamente no nível desta “linguagem do corpo”, que é algo além da reação sexual, e que como autêntica linguagem das pessoas é colocada abaixo da exigência da verdade, isto é, normas objetivas; o homem e a mulher exprimem-se reciprocamente de forma mais completa e profunda enquanto lhes é consentido pela mesma dimensão somática da masculinidade e feminilidade: “o homem e a mulher exprimem a si mesmos na medida de toda verdade de suas pessoas”. Esta relação e dimensão pessoal, assim expressa, “numa só carne”, é relação com o próprio Deus, enquanto o casal, como tal, é imagem de Deus. “Podemos deduzir que o homem se fez à imagem e semelhança de Deus, não só através da própria humanidade, mas igualmente através da comunhão das pessoas”.

É esta verdade que enaltece e dignifica o que deveria ser transmitido no conteúdo de tal nome, na educação sexual, que mostra a grandeza da sexualidade, na sua dimensão pessoal, como uma linguagem de amor: doação-aceitação-compromisso, que não fecha as pessoas em si mesmas, ou num ciclo fechado de prazer, sem abertura, mas que se dirige a Deus e adquire novas dimensões de eternidade, ou seja, que não se limita a atos fugazes que o tempo cancela ou desgasta, mas que se eleva até a própria fonte do amor.

Como esta expressão com uma linguagem humana, pessoal, de totalidade, não faz marcar a existência num significativo profundo compromisso? De modo algum; até depois da morte de um dos cônjuges, permanece algo desta relação. Não discutimos aqui sobre o direito que tem o viúvo ou a viúva de se casar de novo. Contudo, levando em consideração certas orações bem significativas da liturgia oriental, em caso de novas núpcias, naquelas que não têm exatamente palavras de elogios, mas quase de permissão, tolerância, parece-me que se abre uma pista de explicação pelo tipo de relação assumida e que não é exatamente indiferente para a pessoa que se é inundada do dom.

Fonte: Artigo sobre “Família: Dom e Compromisso, Esperança da Humanidade” do Cardeal Alfonso Lopez Trujillo.

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