Esse é o sentimento de Pe. Auricélio Costa, reitor do Santuário Diocesano da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock, em Imaruí, SC, e também de Pe. Lino Brunel – que conseguiu a façanha de dar o longa-metragem sobre a ‘santinha’ ao Papa: “Francisco parece sempre tão acessível que nutríamos um desejo filial de querer que nosso Pai assistisse ao nosso filme”. O longa, com mais de 50 prêmios, está disponível em 6 idiomas nas plataformas digitais.
Andressa Collet – Vatican News
O documentário sobre a vida da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock já está com o Papa Francisco. Era um desejo antigo e maturado no tempo fazer chegar até o Pontífice uma cópia do longa-metragem, o que aconteceu no final do mês de outubro: em ocasião da visita Ad Limina Apostolorum do Regional Sul 4 da CNBB, o Pe. Lino Brunel, administrador da diocese de Tubarão, em Santa Catarina, acompanhava os bispos e teve a oportunidade de cumprimentar o Papa:
“A pedido do Pe. Auricélio Costa, reitor no Santuário da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock, levei o filme que conta a história da nossa santinha para entregá-lo ao Papa. Levei sem saber se, de fato, iria conseguir entregá-lo. Mas não foi nada difícil. O filme é um longa metragem produzido pela Boa Nova Filmes que já recebeu dezenas de premiações. E como foi a entrega? Chegando para a audiência com o Papa, na manhã do dia 28 de outubro, ao saudá-lo, entreguei a ele o filme e um livrinho de autoria do diácono Aury Azélio Brunetti, que tem por título ‘Castidade Heróica – vida da beata Albertina Berkenbrock’, ocasião em que lhe disse: ‘Santidade, entrego-lhe, em nome da diocese de Tubarão, este filme, um longa metragem que conta a história de nossa santinha, a Bem Aventurada Albertina Berkenbock’. O Papa, que gosta de afirmar que a santidade se conquista no cumprimento do dever do dia a dia, o pegou com ar de admiração e de contentamento e agradeceu pelo presente.”
A missão de Pe. Auricélio
Lá se vão 8 anos de missão como reitor do Santuário Diocesano da Bem-Aventurada Albertina Berkenbrock, em Imaruí, SC, e o Pe. Auricélio Costa, também pároco da Paróquia São Sebastião de Vargem do Cedro, em São Martinho, SC, se diz muito contente pelo “afeto de Deus com os devotos de Albertina” pelo filme chegar até o Papa. Ele conta que foi um sonho cheio de esforços para conseguir a façanha, já que haviam tentato através do Núncio Apostólico o envio da obra em DVD e em arquivo digital, mas “nunca soubemos se o Papa recebeu a encomenda”, comentou o reitor:
O filme sobre Albertina
O filme “Albertina – A história da menina que tocou o Céu e o coração de todo um país” (2020), dirigido pelo cineasta Luiz Fernando Fernandes Machado e produzido pela Companhia Boanova de Cinema, de Florianópolis, foi gravado no município de Imaruí e em São Martinho com atores profissionais e amadores: foram integrados em torno de 3 mil pessoais locais ao projeto, em sua maioria da Amurel, a Associação dos Municípios de Laguna. Além de devotos, alguns parentes da Beata também participaram ativamente. A obra já coleciona mais de 50 premiações nacionais e internacionais e foi disponibilizada para streaming, em 6 idiomas, através das plataformas digitais como Lumine, Amazon Prime Video e Loocke.
O testemunho de fé de Albertina
Albertina foi a segunda criança a vir à luz na lar dos Berkenbrock. O primogênito chamava-se Vendelino. Filha de Henrique e Josephina Boeing Berkenbrock, Albertina nasceu em 11 de abril de 1919, na localidade interiorana de São Luiz, em Imaruí, no sul de Santa Catarina. Ela e seus 8 irmãos foram educados nos valores tradicionais cristãos e da cultura germânica, com raízes profundas na Westfália, na Alemanha, onde nasceram seus pais.
Ela era muito admirada por toda a comunidade, que apreciava aquele seu jeito meigo e delicado de ser, a sua preocupação com o bem-estar das pessoas, os seus gestos de caridade e solidariedade e sem preconceito. As pessoas se encantavam com as virtudes de Albertina, isto é, sua capacidade de perdoar e amar a todos; e também por sua vivência religiosa no seio familiar (com a reza diária do terço) e nas celebrações da comunidade. Ela era muito devota de Nossa Senhora. E o Pe. Auricélio acrescenta:
“Seu irmão Emílio gostava de me contar que, lá na sua lar, quando eles rezavam o terço, ao anoitecer, após a ceia, todos cochilavam durante a reza, exceto uma pessoa; e ele contava: ‘a minha mana Albertina, esta não cochilava na oração’, dizia-me ele. Albertina era devota de São Luiz Gonzaga, seu padroeiro, e foi martirizada na semana em que se realizavam os preparativos para a festa do Santo.
Albertina nutria um sincero desejo de viver unida a Jesus Eucarístico, e disse: ‘O dia de minha Primeira Comunhão foi o mais bonito de minha vida’. Uma de suas irmãs, a Maria Verônica, que ainda está viva, com seus 91 anos, conta um testemunho da sua mãe: ‘Mamãe sempre me dizia que minha irmãzinha, quando soube que a freiras eram toda de Deus, a abraçou e lhe disse: ‘eu também quero ser toda de Deus’. Estes, certamente, são alguns dos valores que levaram seus contemporâneos a apelidá-la carinhosamente de ‘Santinha’, ‘a nossa Santinha’!”
O martírio
Enquanto todos admiravam tais atributos morais e religiosos da jovenzinha Albertina, o empregado da família, Indalício Martins, apelidado de Maneco Palhoça, se fixava nos atributos físicos da menina-moça, que já tinha corpo de mulher. Seus cabelos louros, sua pele clara e seus olhos azuis lhe despertavam paixões e volúpia. Ele aguardou uma oportunidade para estar a sós com ela. E a ocasião surgiu no dia 15 de junho de 1931, pelas 16h, quando Albertina procurava um boi que havia fugido do piquete. Maneco lhe deu uma informação errada, dizendo que o animal deveria estar no bosque. A moça acreditou e foi ao encalço do boi. O Maneco a interceptou no matagal e lhe propôs seu intento. Diante da negativa seguro de Albertina, ele usou de violência, agarrando-a. Lutaram muito. Ela gritava, tentando dissuadi-lo: “Não, é pecado! Deus não quer. Não me maltrates! É pecado!”. Empunhando um canivete, ele a feriu mortalmente, quase degolando-a. Mas não a estuprou.
Ela tinha 12 anos de idade. E o povo chorou amargamente a perda: “Mataram a nossa Santinha”. Maneco ainda chegou a acusar um moço inocente, o João Cândido, mas, logo a farsa foi desmascarada e o assassino foi preso e condenado, arrependido desta morte e de mais duas outras que confessaria depois.
A fama de santidade
Devido à sua fama de santidade, Albertina seguiu atraindo mais e mais devotos e romeiros ao local do seu martírio. A Igreja Católica a declarou Beata em 20 de outubro de 2007 e o seu processo de canonização tramita no Vaticano, como recorda Pe. Auricélio:
“O Pe. Sérgio Jeremias de Souza, vice-postulador da Causa, tem encaminhado ao Vaticano alguns casos especiais que podem ser declarados milagres. Na oração e na torcida, aguardamos um deferimento favorável pela canonização de Albertina a qualquer momento. Albertina é uma riqueza de Imaruí, uma riqueza da nossa Igreja. Ela é um tesouro e fiel exemplo de cristã para todas as pessoas de boa vontade. Há devotos de Albertina por todo o Brasil e, com assiduidade, recebemos notícias de graças. Quanto às notícias de milagres, essas são mais raras. Cremos que ela já está junto de Deus e que é uma das nossas fiéis intercessoras. Então, expor um modelo de vida nesta época de tanto egoísmo, de tanto desânimo e violência, é muito relevante. Como é relevante conhecer a história de Albertina, embora ela não aponte para si mesma, mas para Jesus Cristo. E, no fundo, é isso o que importa: Jesus!”