“Como seria bom se, ao aumento das inovações científicas e tecnológicas, correspondesse também uma igualdade e uma inclusão social cada vez maior!”. São os votos do Papa Francisco na Mensagem dirigida à Pontifícia Academia das Ciências por ocasião da Plenária virtual
Jane Nogara – Vatican News
O Papa Francisco enviou uma mensagem à Pontifícia Academia das Ciências por ocasião da Plenária virtual que se realiza de 7 a 9 de outubro. O Pontífice iniciou sua mensagem agradecendo o tema da Plenária deste ano que “se compromete em colocar a pesquisa científica de base ao serviço da saúde do nosso planeta e de seus habitantes, especialmente os mais pobres e desfavorecidos”. Recorda que é um tema de profunda importância para toda a humanidade “com a concentração da noção de ciência ao serviço das pessoas para a sobrevivência da humanidade na pandemia da Covid-19 e em outras questões globais”.
Superconectados, mas com fragmentações
Francisco recorda as falsas seguranças que se manifestaram citando a recente encíclica “Fratello tutti”: “Apesar de estarmos superconectados, verificou-se uma fragmentação que tornou mais difícil resolver os problemas que nos afetam a todos” (cf. n. 7). Portanto é significativo que esta sessão plenária virtual da Academia reúna várias disciplinas científicas diferentes; neste sentido, ela oferece um exemplo de como os desafios da crise da COVID-19 devem ser enfrentados através de esforços coordenados ao serviço de toda a família humana.
Ver no outro um portador de vírus
“Como sabemos – continua o Pontífice – o vírus, afetando a saúde das pessoas, também afetou todo o tecido social, econômico e espiritual da sociedade, paralisando as relações humanas, o trabalho, a produção, o comércio e até mesmo muitas atividades espirituais. Com imenso impacto sobre a educação”. E o Papa recorda as consequências desta realidade:
Preferência pelos pobres
“Se tiver que dar preferência a alguém – reitera o Papa – que seja o mais necessitado e vulnerável entre nós. Da mesma forma, quando as vacinas estiverem disponíveis, devemos assegurar o acesso justo a elas independentemente da renda, sempre começando pelos últimos”.
Conversão para uma ecologia humana
O Papa recorda suas encíclicas ao falar sobre a conversão ecológica: “A chegada da pandemia, no contexto mais amplo do aquecimento global, da crise ecológica e da trágica perda da biodiversidade, constitui um apelo para que nossa família humana reveja seu curso, se arrependa e empreenda uma conversão ecológica (cf. Laudato si’, nn. 216-221). Uma conversão que se baseia em todos os dons e talentos dados por Deus a fim de promover uma ‘ecologia humana’ digna de nossa inata dignidade e de nosso destino comum”.
Fratelli tutti
Francisco cita a Fratelli tutti ao saudar os acadêmicos: “Como seria bom se, ao aumento das inovações científicas e tecnológicas, correspondesse também uma igualdade e uma inclusão social cada vez maior! Como seria bom se, enquanto descobrimos novos planetas longínquos, também descobríssemos as necessidades do irmão e da irmã que orbitam ao nosso redor!”. (n. 31)
Responsabilidade dos cientistas
Por fim o Pontífice recorda a importância dos cientistas nas responsabilidades das ações em prol do bem comum: “Por maior que seja a responsabilidade dos políticos, ela não isenta os cientistas de reconhecerem suas responsabilidades éticas num esforço para acabar não apenas com a produção, posse e uso de armas nucleares, mas também com o desenvolvimento de armas biológicas, com seu potencial de devastar civis inocentes e, de fato, povos inteiros”.