Frei Álvaro sobre pós-pandemia: será uma grande ressureição para a humanidade

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Bagé, a terceira cidade do Rio Grande do Sul com mais casos de Covid-19 – 28 confirmados e nenhuma morte – reabre o comércio nesta quinta-feira (16). As igrejas continuarão fechadas e conduzidas por pastores como Frei Álvaro Bordignon, que traz uma reflexão sobre o período pós-coronavírus: “será uma ressureição de esperança, de valores humanos e cristãos. Vamos valorizar mais a vida familiar, as pessoas, a vida de oração, e confiar mais em Deus. Não vamos sair iguais dessa pandemia! Vamos sair pessoas modificadas”.

Andressa Collet – Cidade do Vaticano

Por causa da pandemia do Covid-19, as igrejas, escolas e universidades estão fechadas há quase um mês em Bagé, no Rio Grande do Sul, cidade que faz fronteira com o Uruguai. Nesta quinta-feira (16), porém, um decreto do prefeito libera a retomada do funcionamento do comércio local, com horário reduzido, mesmo sendo o terceiro município com mais casos de coronavírus no Estado, isto é, 28 confirmados e sem registro de mortes.

Segundo o prefeito Divaldo Lara, as incidências estão controladas e o sistema de saúde está estruturado para atender os pacientes, porque a cidade foi a primeira a fazer distanciamento social no RS, com toque de recolher e incentivando o uso de máscaras. Os veículos continuarão sendo desinfetados por soldados do exército nas três barreiras sanitárias situadas nas entradas e saídas de Bagé. O serviço foi instalado no início de abril para que profissionais de saúde pudessem examinar e controlar a circulação de pessoas nos acessos do município, localizado no extremo sul do Brasil, com 121 mil habitantes.

Redes sociais salvando a ausência da Igrejas

O Frei Álvaro Bordignon, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição por mais de 20 anos, disse que “a alternativa encontrada neste momento sensível” para não perder ainda mais os fiéis com as igrejas fechadas foi transmitir as celebrações pela internet. A “paróquia de fronteira”, de grandes extensões territoriais, como descreve o frade menor capuchinho, atende 10 comunidades, a maioria de periferia, e está seguindo “as orientações dos profissionais da saúde, do prefeito e da Igreja do Brasil” ao manter as igrejas fechadas ao povo. Frei Álvaro acrescenta:

“Nós, sacerdotes, estamos celebrando missa diariamente, sem povo. Só o padre reza – eu faço assim. E também nos finais de semana, eu celebro missa pelas redes sociais e meios eletrônicos, no Face e Instagram. Nós temos 38 grupos de jovens na nossa paróquia, então eu mando mensagens e vídeos para seguir animando também essa juventude. Estamos vivendo, sim, um momento muito, muito relevante de isolamento social, mas mais relevante ainda de fé. Acredito que é um retorno muito grande para Deus, uma busca muito grande de comunhão com Deus. Há uma entrega de vida, de coração muito grande para Deus. Nosso povo confia muito em Deus nesse momento da história, desse povo tão sofrido, tão marcado pela dor. Então, os meios eletrônicos hoje estão salvando as nossas ausências na Igreja.”

No tempo de Deus, vamos ressuscitar!

O Frei Álvaro, então, deixa a sua mensagem de esperança a todos corações angustiados no Brasil e no mundo neste período dramático de pandemia:

“Eu acredito que este momento que estamos passando de provação, um momento muito sensível e de dor muito grande, mas também de muita confiança em Deus. Claro, as igrejas estão perdendo o nosso povo…Sabemos que não vai ser fácil recuperar o nosso povo, a nossa economia, mas no tempo certo, no tempo de Deus, nós vamos ressuscitar! Nós precisamos confiar em Deus: isso passa! Nós estamos juntos na mesma tempestade. A tempestade veio para todos, o coronavírus veio para todos: não escolhe classe social, profissão, não escolhe lar; ele veio para todos! Mas, nós temos certeza, sim, que essa tempestade, se a gente coloca na mão de Deus, Deus acalma, como ele acalmou a tempestade em alto mar, como nos diz o Evangelho. Ele vai acalmar também cada um de nós, e ajudar a gente a passar por esse momento.”

“Será uma grande, uma grande ressureição para toda a humanidade! Uma ressureição não só de vida, de corpos, mas de esperança, de valores humanos e cristãos. Tenho certeza que nós vamos valorizar mais a vida familiar, as pessoas, a vida de oração, nós vamos confiar mais em Deus. Eu acredito, sim, Andressa, que nós não vamos sair iguais dessa pandemia! Nós vamos sair pessoas modificadas. E essa renovação vai começar por simples gestos: de voltar a abraçar, a dar as mãos, a dar um beijo, a conviver, a fazer aquilo que o brasileiro gosta muito, da reunião, do estar junto, das festas. Eu tenho certeza, sim, que a partir desses gestos muito simples, mas muito humanos, o beijo, o afeto, o abraço, o afeto, a presença… Nós vamos reescrever uma nova história da humanidade neste mundo marcado pela dor.”

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