O Papa convida-nos a rezar “para que cada batizado seja envolvido na evangelização e disponível para a missão, através de um testemunho de vida que tenha o sabor do Evangelho”.
Frei Darlei Zanon – Religioso Paulino
Logo no início da sua exortação apostólica sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual – a Evangelii gaudium – o Papa Francisco afirma que “a Igreja «em saída» é a comunidade de discípulos missionários que «primeireiam», que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam” (EG n. 24). É nesse mesmo espírito que se insere a sua intenção de oração para este mês de outubro, uma intenção que enfatiza a vocação de cada batizado como discípulo missionário. O Papa convida-nos a rezar “para que cada batizado seja envolvido na evangelização e disponível para a missão, através de um testemunho de vida que tenha o sabor do Evangelho”.
É interessante recordar que no capítulo 3 da Evangelii gaudium, ao falar do “Anúncio do Evangelho”, o Papa dedica alguns parágrafos para enfatizar que “todos somos discípulos missionários” (EG nn. 119-121). Da convicção de que “em todos os batizados, desde o primeiro ao último, atua a força santificadora do Espírito que impele a evangelizar” parte a exortação de Francisco para que não haja distinção entre “discípulos” e “missionários”, pois todos somos “discípulos missionários” (cf. EG n. 120). Para bem concretizar esta vocação, o Papa recorda que “todos somos chamados a crescer como evangelizadores” (EG n. 121). “A nova evangelização deve implicar um novo protagonismo de cada um dos batizados. Esta convicção transforma-se num apelo dirigido a cada cristão para que ninguém renuncie ao seu compromisso de evangelização, porque, se uma pessoa experimentou verdadeiramente o amor de Deus que o salva, não precisa de muito tempo de preparação para sair a anunciá-lo, não pode esperar que lhe deem muitas lições ou longas instruções. Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus”, afirma o Papa (EG n. 120).
É muito clara a relação entre evangelização e testemunho de vida, enfatizada novamente no seu vídeo do mês. Cada um de nós é missionário porque carrega dentro de si o amor de Deus que recebeu no batismo. O primeiro encontro íntimo com Cristo, através do sacramento que nos torna filhos de Deus e membros de uma única família, nos impele também a testemunhar essa felicidade que experimentamos. Somos chamados a dar a conhecer aquilo que carregamos no nosso coração, associando-nos à missão dos Apóstolos e de toda a Igreja. Como afirmou são Paulo VI na Evangelii nuntiandi, “a Igreja existe para evangelizar”, o que significa dizer que “não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4,20), palavras de Pedro e João nos Atos dos Apóstolos que servem de tema para o Dia Mundial das Missões deste ano 2021.
Na sua mensagem para essa celebração, o Papa reforça a ideia de que “quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos”. Quando fazemos experiência verdadeira do amor de Deus, é impossível permanecer indiferente. Somos impelidos a transmitir este amor na nossa vida, através das nossas palavras e ações, através do nosso testemunho de vida. Quando experimentamos verdadeiramente o amor de Cristo, transbordamos de felicidade e vida nova, superando qualquer limitação ou egoísmo para ir ao encontro do outro e dar também de beber a ele o Evangelho que transforma. “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos”, porque é uma felicidade tão grande que não nos permite ficar inertes. Para usar as palavras do Papa na sua mensagem: “O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais bonito e promissor: «Encontramos o Messias» (Jo 1, 41).”
Bom mês missionário a todos!