Em sua mensagem de Natal, o Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton nos convida a nos curvarmos diante da manjedoura em que Maria colocou o menino Jesus para dizer sim ao Príncipe da Paz e um corajoso não às guerras que mancham o mundo de sangue.
Vatican News
Caríssimos amigos, caríssimas amigas,
Como nos conta o evangelista Lucas, Maria e José tiveram que ir a Belém para o censo. Como não havia lugar para eles em nenhuma hospedaria, tiveram que se adaptar; e encontraram refúgio numa gruta, daquelas que os pastores também usavam. Assim, eles tiveram alguma privacidade e Maria pôde dar à luz o menino Jesus, que, envolto em faixas, foi colocado na manjedoura (cfr. Lucas 2). Parece quase uma profecia o fato de que aquele menino ao crescer se tornará o nosso alimento, mas também o fato de que aquele menino tornado homem será mais uma vez, e às pressas, envolto em faixas e depois num lençol e colocado numa gruta muito diferente, a do sepulcro.
Embora a história do Natal e a representação que dele fazemos no presépio nos inspirem doçura e sentido de poesia, quando Jesus nasceu a realidade era muito diferente e difícil. Roma dominava pela força todo o mundo mediterrâneo. Na Judeia, pequeno satélite do grande império, Herodes reinava. Um rei tão apegado ao poder que chegou a eliminar os próprios filhos para não ter rivais. Um rei que tem medo de um menino recém-nascido, pois é apontado pelas profecias como um possível rei e messias.
Um rei que chega, portanto, a realizar um massacre preventivo, matando todas as crianças da área de Belém com dois anos ou menos (Mt 2,16), para evitar o risco de que uma delas, tendo crescido, lhe tire o poder e o reino.
Neste Natal, ainda escurecido pelas trevas do ódio e da guerra, ainda infectado pelo vírus da indiferença humana, ainda avermelhado pelo sangue de demasiadas pessoas inocentes mortas, ajoelhamo-nos diante da manjedoura onde Maria colocou o menino Jesus, e acolhemos o convite dirigido pelo Papa Francisco ao mundo inteiro por ocasião do Natal passado:
“dizer “sim” ao Príncipe da Paz significa dizer “não” à guerra, e isto com coragem: dizer “não” à guerra, a todas as guerras, à própria lógica da guerra, um caminho sem destino, uma derrota sem vencedores , loucura sem desculpas… Desde o presépio, o Menino pede-nos que sejamos a voz daqueles que não têm voz: a voz dos inocentes” (Mensagem Urbi et Orbi, 25/12/2023).
Não nos esqueçamos disso quando apertarmos as mãos e trocarmos as felicitações.
De Belém, Feliz Natal!