Em um programa de televisão, o xeque Shawki Ibrahim Abdel-Karim Allam falou sobre a metamorfose da Santa Sofia em mesquita e recordou que o Egito, país de maioria muçulmana, emprega recursos públicos na construção de igrejas.
Cidade do Vaticano
A jurisprudência islâmica não contém nenhuma objeção legal à possibilidade de construir igrejas usando dinheiro pertencente a muçulmanos. Essa relevante observação, repleta de possíveis aplicações com respeito a situações de conflito sectário em potencial em muitos países de maioria muçulmana, também merece atenção pela autoridade por quem a pronuncia: o xeque Shawki Ibrahim Abdel-Karim Allam, atual Grão Mufti do Egito, durante seu discurso em um programa de televisão conduzido pelo jornalista Hamdi Rizk.
O Grão Mufti egípcio indicou na ocasião o Egito como o país com maioria muçulmana, onde são empregados mais recursos públicos na construção de locais de culto cristãos, indicando esse dado como uma manifestação de forte coesão social nacional.
Shawki Allam se referiu aos ensinamentos de Maomé que, mesmo quando justifica campanhas militares de autodefesa, manda não arruinar locais de culto e não matar monges.
Santa Sofia
O Grão Mufti egípcio também se pronunciou sobre a reconversão da antiga Basílica Hagia Sofia em Istambul, ordenada pelas autoridades turcas. A esse respeito, o xeque Shawki Allam disse que era ilegal converter uma igreja em uma mesquita, declarando que na história do Egito, nenhum local de culto cristão foi transformado em um local de culto muçulmano.
O cargo de Grão Mufti do Egito está subordinado ao Ministério da Justiça. O titular de tal posição preside a “lar da Fatwa” (Dar al Ifta al Misryah), um comitê consultivo jurídico sobre questões legais islâmicas.
Em junho, a “lar da Fatwa” egípcia chegou ao ponto de definir a própria conquista otomana de Constantinopla como uma “ocupação”, considerando como um infeliz evento a metamorfose da Basílica de Haghia Sophia em uma mesquita.
Também esta tomada de posição confirmou a forte dimensão geopolítica assumida pelo evento de reabertura do complexo monumental de Ayasofya ao culto islâmico, fortemente perseguido pela atual liderança política turca, também como um ato simbólico para reafirmar sua matriz identitária e a própria soberania, contrastada por organismos políticos e religiosos egípcios, na atual situação histórica marcada pelo duro conflito entre o Egito e a Turquia, também no cenário líbio.
(GV – Agência Fides)