A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestou-se neste domingo, 8 de janeiro, sobre os atos antidemocráticos e de vândalos que invadiram e destruíram os prédios públicos, em Brasília (DF). Também conversaram com a Rádio Vaticano – Vatican News, os cardeais Tempesta e Damasceno: “precisamos de um colóquio fraterno”.
Silvonei José – Vatican News
Os fatos ocorridos neste domingo em Brasília ganharam as páginas dos principais jornais internacionais. Também o Papa Francisco no seu discurso ao Corpo Diplomático acredito junto à Santa Sé na manhã desta segunda-feira manifestou sua preocupação com o “enfraquecimento” da democracia, cujo sinal são crescentes polarizações políticas e sociais, que não ajudam a resolver os problemas urgentes dos cidadãos. “Penso – disse – nas várias crises políticas em diversos países do continente americano, com a sua carga de tensões e formas de violência que exacerbam os conflitos sociais.” E o Papa citou três países: Peru, Haiti e, nas últimas horas, o Brasil. “Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum.”
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), perplexa com as graves e violentas ocorrências em Brasília (DF), manifestou-se neste domingo, 8 de janeiro, pelo seu canal no Twitter, sobre os atos antidemocráticos e de vândalos que invadiram e destruíram os prédios públicos, que simbolicamente representam o Estado brasileiro: a sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto.
A presidência da CNBB pede serenidade, paz e o imediato cessar dos ataques criminosos ao Estado Democrático de Direito. “Estes ataques devem ser imediatamente contidos e seus organizadores e participantes responsabilizados com os rigores da lei. Os cidadãos e a democracia precisam ser protegidos”, diz a mensagem.
Conversando com a Rádio Vaticano – Vatican News, o arcebispo do Rio de Janeiro, careal Orani João Tempesta invocou a paz e apelou pelo fim violência. Dom Orani falando do assalto aos palácios do poder em Brasília, definiu as cenas de ontem como “deploráveis”, ressaltando que trouxeram à tona “as divisões do Brasil”. Diante disso, o cardeal apelou à “unidade e convergência” do povo brasileiro. “Precisamos de um colóquio fraterno”, continuou, “que respeite as diferentes culturas e religiões do país”. Finalmente, o cardeal Tempesta exortou a oração “por um colóquio, para olhar para o porvir e construir um tempo de paz e prosperidade para todos”.
“Nós lamentamos muito pelos fatos ocorridos – afirmou – e pedimos a Deus para que cada vez mais se chegue ao colóquio e à fraternidade. Nós precisamos de unidade, de fraternidade para construir um mundo mais justo, mais humano, mais fraterno, que respeite as diversidades das situações do país e ao mesmo tempo que a fraternidade reine cada vez mais. Vamos rezar nesta intenção para que o compromisso da fraternidade e colóquio com o mediador da compreensão possa ajudar a superar as dificuldades”.
“Nós temos instituições do estado de direito – disse ainda Dom Orani – e ao mesmo tempo sabemos que é necessário salvaguardá-las para que possamos prosseguir no caminho do progresso, da justiça e da paz social. Nós permanecemos em oração e na esperança de que cada vez mais encontremos melhores caminhos para um bom entendimento nacional. Bom colóquio nacional, esse é o caminho que nós acreditamos; poder de dialogar, e ao mesmo tempo achar os caminhos. Que Deus ilumine a nossa nação, nos proteja com a graça de Deus todos os dias”.
Neste dias na arquidiocese do Rio está sendo rezada a Tresena de São Sebastião, de 7 a 19 de janeiro em preparação para a festa no dia 20 de janeiro.
Também o arcebispo emérito de Aparecida, cardeal Raimundo Damasceno Assis, que se encontra em Roma onde participou dos funerais de Bento XVI, disse à Rádio Vaticano – Vaticano News que segue os eventos através dos meios de comunicação. Conversando com brasileiros presentes em Roma disse que os mesmos manifestaram tristeza pelo que está ocorrendo no Brasil neste momento. “Eu creio – afirmou – como disse o Papa Francisco hoje pela manhã aso Corpo Diplomático, que as soluções de conflitos, em qualquer lugar, e no caso específico do Brasil, passa pelo colóquio, para superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum. Eu acho que isso é fundamental. O Brasil nesse momento precisa se unir, achar soluções para os problemas que nós estamos enfrentando, através do colóquio, na verdade. Um colóquio na verdade e no respeito também, é claro, da Constituição do nosso país, no respeito das instituições para que possamos preservar sempre a democracia que é um bem fundamental para nós. Para que somando esforços nas diferenças que existem, e é normal em uma democracia, nós possamos sempre ter em mente o bem comum de todo o nosso país e de todo o povo brasileiro. Esses são os meus votos meus desejos desde aqui de Roma através da Rádio Vaticano”.
Lula reúne 27 governadores
Um dia após o assalto dos partidários de Bolsonaro ao parlamento brasileiro e aos edifícios institucionais em Brasília, foram feitas 400 prisões. Enquanto isso, a Suprema Corte removeu o governador de Brasília por 90 dias e foi ordenado às plataformas sociais de bloquearem a propaganda de manifestantes violentos. Durante a noite, os manifestantes bloquearam estradas e rodovias em pelo menos quatro Estados do país. Hoje, o Presidente Lula, que assumiu o governo do Brasil em 1º de janeiro, após disputadas eleições, realizará uma reunião com os 27 governadores e o Ministro da Justiça.