Os conflitos na Índia decorrentes da nova Lei sobre a Cidadania, que exclui os muçulmanos, já deixou 42 mortos, 250 feridos e muita destruição. Padre Saleh Diego, diretor da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Karachi, agradeceu – em nome dos cristãos paquistaneses – ao premier Imran Khan, por sua “seguro posição” contra as recentes violências sectárias na Índia. “Atenção. Nossas minorias são cidadãos iguais aos outros neste país”, havia tuitado o primeiro-ministro.
Cidade do Vaticano
Os líderes cristãos paquistaneses também condenam os recentes confrontos sectários na Índia entre apoiadores e opositores da Emenda à Lei da Cidadania (CCA), a nova normativa que exclui imigrantes muçulmanos da cidadania indiana. Os distúrbios tiveram início em Nova Déli em 23 de fevereiro, durante manifestações a favor e contra a medida aprovada em dezembro passado, e se espalharam nos dias seguintes ao norte da capital, causando 42 mortes e 250 feridos, a maioria muçulmanos. A polícia indiana foi questionada por não deter a violência provocada pelos manifestantes hinduístas.
Os recentes acontecimentos em Nova Déli foram o tema central de um seminário organizado em 1º de março em Karachi pela Comissão Nacional de Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Paquistão que, juntamente com vários líderes religiosos cristãos, também envolveu vários ativistas pelos direitos humanos.
Os participantes – relata a agência Ucanews – expressaram forte preocupação com o que aconteceu e instaram o governo de Nova Déli a proteger a minoria muçulmana indiana, uma comunidade que hoje tem 180 milhões de pessoas no universo de um bilhão de habitantes, sendo 80% hinduístas.
“O Governo indiano deve tomar medidas imediatas para garantir a segurança de todos os cidadãos, qualquer que seja sua fé”, disse o cardeal Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, que em uma declaração divulgada nesses dias agradeceu aos cristãos e siques da Nova Déli por ter acolhido e protegido várias famílias muçulmanas durante os confrontos.
Padre Saleh Diego, diretor da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Karachi, agradeceu – em nome dos cristãos paquistaneses – ao premier Imran Khan, por sua “seguro posição” contra as recentes violências sectárias na Índia.
Nos últimos dias, o primeiro-ministro paquistanês realmente twittou: “Atenção. Nossas minorias são cidadãos iguais a outros neste país”. Essa declaração, observou o padre Diego, “deu força não somente aos hinduístas, mas também a todas as minorias no Paquistão”.
O sacerdote convidou todos os cristãos paquistaneses a participarem de um dia de jejum e oração pela paz na Índia, em 6 de março.
A hostilidade e a violência entre hinduístas e muçulmanos no subcontinente indiano são uma história antiga que remonta à invasão islâmica no século XI e é a origem da divisão em 1947 entre a Índia (com uma maioria hinduísta) e o Paquistão (com uma maioria muçulmana) e dos periódicos conflitos que se seguiram entre os dois países.
A virada nacionalista da atual coalizão governamental na Índia, liderada pelo premier Narendra Modi do Partido Popular Hindu BJP, reacendeu as tensões intercomunitárias no país e suscita fortes preocupações na Igreja indiana, que sempre apoiou o estado secular sancionado pela Constituição indiana. Os bispos indianos reiteraram isso em sua recente plenária em Bangalore, dedicada precisamente ao tema do colóquio como fator de unidade no país.