Uma acusação rejeitada como totalmente infundada por dom Felix Anthony Machado, arcebispo de Vasai e secretário-geral da Conferência Episcopal Indiana (Cbci), que denunciou à agência Ucanews uma nova tentativa de difamação contra os cristãos
Silvonei José – Vatican News
A emergência do coronavírus não detém os instigadores de divisões e conflitos inter-religiosos na Índia. No último dia 21 de abril, um líder político hindu acusou na televisão missionários cristãos e o Partido Comunista Indiano de serem os mandantes do linchamento de dois sacerdotes hindus e do seu motorista, ocorrido em 16 de abril, numa aldeia do distrito de Palghar, Estado de Maharashtra. Os três estavam a caminho de Mumbai de automóvel, depois de terem sido bloqueados pela polícia enquanto se dirigiam a um funeral, e foram mortos por uma multidão furiosa de 200 pessoas, porque foram confundidos com traficantes de crianças. Segundo o deputado hindu Rakesh Sinha, missionários cristãos e comunistas estão por detrás do assassinato.
Uma acusação rejeitada como totalmente infundada por dom Felix Anthony Machado, arcebispo de Vasai e secretário-geral da Conferência Episcopal Indiana (Cbci), que denunciou à agência Ucanews uma nova tentativa de difamação contra os cristãos e a instrumentalização do episódio para fomentar tensões religiosas “num momento em que o país está combatendo uma pandemia mortal”. De acordo com o prelado, o linchamento não tem qualquer motivo religioso. Além disso”, salientou, “não há cristãos na região. Dom Machado disse que não quer expor denúncia por difamação contra Sinha, para não lhe dar mais publicidade.
A comunidade cristã não é nova neste tipo de ataques difamatórios na Índia, onde organizações fundamentalistas hindus acusam há anos os missionários de fazerem conversões forçadas, ao mesmo tempo que não há qualquer menção à diminuição da violência anti-cristã. Desde 2014, após a ascensão ao governo do Partido Nacionalista Hindu Bharatiya Janata (BJP), as denúncias contra os cristãos multiplicaram-se.