Iniciação à Vida Cristã com Inspiração Catecumenal

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Vivemos num tempo de mudanças velozes que traz a todos a sensação da relatividade da vida, de caducidade de todo conhecimento definitivo, de instabilidades quanto a valores e princípios existenciais e éticos, de incertezas quando ao porvir da humanidade e do planeta. O medo, a decepção com as lideranças, a desconfiança em relação a tudo o que se apresente como definitivo e absoluto, a fragmentação da realidade em detrimento da visão de um todo unificado, são algumas das atuais características que marcam o homem ‘líquido’, que vive numa época ‘líquida’. Faz-se necessário, portanto, um projeto sólido e bem estruturado de iniciação à vida cristã, que acolha os desafios do tempo presente, recupere a rica experiência da tradição da nossa Igreja – especialmente dos primeiros séculos – e atualize a memória e a experiência de Jesus Cristo, mais do que às necessidades dos homens e das mulheres de hoje. 

Pentecostes acontece toda vez que a Igreja acolhe com renovado entusiasmo e ardor missionário as inspirações do Espírito, que sopra onde quer e quando quer, e renova a face da Igreja e do mundo. Chegou o momento de reconhecer os sinais dos tempos, de aproveitar a oportunidade e olhar distante. É hora de olharmos para um horizonte que nos encanta e que ao mesmo tempo nos atrai. Ele nos encanta, pois nos faz vislumbrar uma Igreja mais madura e mais fiel ao projeto de Jesus. E nos atrai pela imperiosa tarefa que temos que assumir jamais como um peso, mas sim com paixão, gosto, afeto, arte e felicidade.

Nesses quase dois mil anos de missão, a Igreja foi tentando se adaptar às exigências de cada época, ora com mais eficácia, ora com parcos resultados. O catecumenato, processo catequético de iniciação dos primeiros séculos, foi uma maneira muito criativa encontrada para responder às urgências daquela época, tornando-se “verdadeira escola de fé”. Hoje, ele é proposto pela Igreja como modelo, visto que apresenta elementos muito importantes que, adaptados à nossa realidade, podem contribuir eficazmente na elaboração de itinerários próprios para cada contexto, para repensarmos o processo evangelizador e catequético atual.

A reflexão atual da Igreja, também no Brasil, tem apontado pistas bastante interessantes para iluminarmos nossa catequese, especialmente com adultos, aos quais todos os esforços devem ser envidados, visto serem eles os destinatários prioritários da ação evangelizadora da Igreja.

Citemos alguns desses elementos: passagem de uma catequese sacramentalizadora para uma catequese evangelizadora; Jesus Cristo como centro e referência da catequese; papel fundamental da comunidade cristã; interação entre catequese e liturgia; acompanhamento personalizado; envolvimento das famílias do iniciando; catequese a partir da vida e para a vida do iniciando; processo gradual e permanente; lugar essencial da Palavra de Deus; unidade teológica dos sacramentos de iniciação cristã; compromisso sócio transformador; educação para o ecumenismo e para o colóquio inter-religioso.

(8ª parte dos artigos de Dom Félix sobre o “Catequese e Liturgia”).

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