IV Dia Mundial dos Pobres

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“Que todos nós possamos ser pobres de espírito ou seja, livres para servir e adorar o Senhor. Pobres de espírito para guardar as verdades evangélicas em nosso coração. E que cada um de nós possa ser um pouco pobre a cada dia, não acumulando bens materiais e outras coisas que aqui na terra irão se corroer, mas possamos acumular tesouros que nos dão frutos na vida eterna. Esses tesouros são a Palavra de Deus e aquilo que eu faço de bem para o meu próximo”, afirmou o arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta para mais uma edição do Dia Mundial dos Pobres deste domingo (15).

Cardeal Orani João Tempesta – Arcebispo do Rio de Janeiro

No XXXIII Domingo do tempo comum, neste ano, dia 15 de novembro celebramos o Dia Mundial do Pobre, instituído pelo Papa Francisco, sendo celebrado já em seu quarto ano. A figura do pobre é exaltada por inúmeras vezes na Sagrada Escritura, desde o Antigo Testamento até ao Novo.

Isso não quer dizer que a Igreja se alegra pela condição social da pessoa em ser pobre, mas o real sentido que a Igreja celebra é o daquela pessoa que é “pobre de espírito” e que é livre para adorar a Deus, que nenhum bem material lhe impede de prestar culto ao Senhor.

Mas é também evidente que a Igreja está ao lado dos pobres, daqueles que não tem condições de comprar um alimento ou roupa para se vestirem. Desde o Antigo Testamento nos é dito na Sagrada Escritura “feliz é aquele que estende a mão para o pobre”. O próprio Jesus fazia refeição com os pobres e gostava de estar no meio deles.

A Eucaristia é o sinal da entrega de Jesus aos mais pobres e oprimidos, pois o alimento que Ele nos dá é verdadeira comida e verdadeira bebida. E aquele que comer do alimento que Ele dá nunca mais terá fome e nunca mais terá sede. E Jesus se dá pela primeira vez em alimento não na mesa dos ricos, mas se dá aos discípulos na Última Ceia, a eles que eram pobres.

Com esse gesto Jesus quer nos mostrar que da mesa dos pobres e peregrinos desse mundo Ele chegará as mesas dos povos do mundo inteiro, inclusive dos ricos. E que a partir da Eucaristia que partilhamos na mesa do altar somos chamados a partilhar o pão material com aquele que necessitar, sobretudo os mais pobres.

Por isso esse Dia Mundial dos pobres instituído pelo Papa Francisco serve de alerta para nós pararmos um pouco e pensar como está a minha relação com o meu próximo, sobretudo, o mais pobre. Devemos pensar se a Eucaristia que eu comungo na Igreja Paroquial todo Domingo me leva a servir o meu próximo de todo o coração. Na verdade, nem precisaria ser um dia “instituído” pelo Papa para fazermos o bem ao próximo. Isso deve ser a “identidade” de todo o cristão que é a opção preferencial pelos pobres, que é tudo o que nos vem da Sagrada Escritura.

Que todos nós possamos ser pobres de espírito ou seja, livres para servir e adorar o Senhor. Pobres de espírito para guardar as verdades evangélicas em nosso coração. E que cada um de nós possa ser um pouco pobre a cada dia, não acumulando bens materiais e outras coisas que aqui na terra irão se corroer, mas possamos acumular tesouros que nos dão frutos na vida eterna. Esses tesouros são a Palavra de Deus e aquilo que eu faço de bem para o meu próximo.

 O Papa Francisco em sua mensagem para este dia nos diz que estender a mão para o pobre é sinal de solidariedade e de amor. Um amor que vem de Deus ao nosso coração e devemos levar esse amor de Deus ao próximo. Como nos diz João em uma de suas cartas transmitida a nós: “Se uma pessoa diz que ama a Deus, mas odeia o seu irmão, ele é um mentiroso e a verdade não está nele”. Por isso, não devemos odiar o nosso próximo, sobretudo ao pobre, devemos amar a todos e levar o amor e a misericórdia de Deus a todos, independentemente de sua condição social.

Esse ano devido a pandemia da Covid-19 muitas pessoas foram pegas de surpresa, perdendo empregos e não tendo condições dignas de trazer o alimento para as mesas de suas casas. Muitas crianças em lar sem poder ir à escola. Enfim, a partir dessa pandemia surgiu uma nova realidade social e muitos que eram considerados ricos acabaram por perder um pouco da sua condição social. E muitos que que já eram considerados pobres, acabaram ficando mais pobre ainda.

Por isso, a realidade social sempre está em constante mudança, podemos por um tempo estarmos por cima sendo considerados ricos, mas pode tudo mudar rapidamente e perdermos muito do que temos e sermos considerados pobres.

Portanto, como nos diz o próprio Jesus “não sabeis o dia de amanhã”, por isso façamos o bem hoje estendo a mão ao pobre, pois amanhã pode ocorrer que aconteça conosco. Que possamos ficar vigilantes e orantes, aguardando a segunda vinda do Senhor, fazendo o bem aqui na terra.

Rezemos para que essa pandemia cesse logo e ajudando os mais necessitados, sobretudo os pobres que foram muito afetados diante dessa pandemia. Estendamos a nossa mão ao pobre, para que não falte na nossa mesa. E que a Eucaristia nos ensine a partilhar o alimento. Amém.

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