Jesus nasceu em Belém, que significa “lar do Pão”. Ele veio para realizar a Obra de Deus. Como alimento que nos leva ao Pai, desde o seu nascimento, Jesus, envolto em faixas, foi colocado por Maria numa manjedoura, lugar usado para colocar alimento para os animais. Já era uma prefiguração de que Ele se tornaria o verdadeiro Alimento vindo do céu. Jesus é o Maná enviado pelo Pai. Como cristãos nossa missão é combater a fome que assola o mundo, pois crer implica agir.
O Natal é um tempo para voltarmos ao presépio, para seguirmos a Estrela que nos leva a Jesus. Em João 6,28-34 a multidão quer saber o que fazer para realizar as Obras de Deus. Jesus ensina que é crendo no Filho que se realiza essa Obra. O Pai nos dá o Pão do céu que veio saciar nossa fome de Deus. E Deus se encontra nos famintos. Não há como amar a Deus se se fechar os olhos para os necessitados. Vamos pedir a Jesus: “Senhor, dá-nos sempre deste pão”.
A multidão, satisfeita com o pão que mata a fome, se propõe a seguir um Jesus milagreiro, mas aprende que o seguimento a Jesus implica comprometimento. Não basta pedir o pão que cai do céu (Maná). É necessário compreender a amplitude do verdadeiro alimento que é fazer a vontade do Pai para dar vida ao mundo. O acesso ao Pão que mata a fome passa pela organização de uma economia que nos leva a pensar nos excluídos. Só assim se constrói uma economia diferente da economia capitalista, que favorece que uns poucos tenham muito enquanto muitos tenham pouco.
Infelizmente, o Brasil voltou ao mapa da fome. São milhões de brasileiros que não têm o necessário para sobreviver. Não se pode celebrar o Natal (Pão para todos) se não se preocupa com os famintos. Temos na Igreja e na sociedade várias organizações que se empenham no combate à fome. A Sociedade de São Vivente de Paulo, a Pastoral da Criança, a Caritas Brasileira e outros movimentos populares nos dão uma verdadeira lição de ação transformadora para combater a fome. Precisamos implantar a Economia de Francisco e Clara que propõe a inclusão.
A Igreja tem uma missão profética. Por isso, cabe-nos proteger os interesses de Deus, que são os interesses do pobre, do faminto. A fome ofende a Deus. A solução está em políticas públicas eficazes. Não basta a solidariedade. “Se eu tenho fome, o problema é meu. Se meu irmão tem fome, o problema é nosso”, já dizia o servo de Deus, Dom Hélder Câmara. Somos chamados a sonhar o sonho de Deus para que todos tenham vida em abundância.