O objetivo específico da Leitura Orante da Bíblia (Lectio Divina) é despertar o gosto e a felicidade pela leitura diária e pela prática da Palavra de Deus, pois quando rezamos, falamos com Deus, e quando meditamos a Bíblia, Deus fala conosco. A Lectio Divina favorece este colóquio com o Senhor. Por isso, a nossa atitude, quando meditamos a Palavra de Deus, deverá ser sempre a do discípulo fiel: acolher e praticar a Palavra!
“A Lectio Divina, a escuta da Palavra de Deus, que sempre esteve no coração da vida monástica, é o momento da Palavra, o tempo do coração que escuta, que recebe, que se deixa impregnar. É também o momento de silêncio em que ruminará longamente essa Palavra para deixá-la penetrar até as profundezas do ser e tornar-se realmente nossa. Se formos muito ligeiro, na leitura, a impressão será superficial ou se apagará. Ninguém pode duvidar que uma palavra que vem do coração, e que foi vivida em profundidade por aquele que a traz consigo, penetrará ainda mais em quem a escuta” (Dom Dymas de Lassus, prior do Mosteiro da Grande Cartuxa). Em outras palavras, para sermos evangelizadores precisamos ser discípulos do Senhor, ouvintes e praticantes da Palavra que anunciamos.
“Sejam praticantes da Palavra de Deus e não simples ouvintes, enganando-se a si mesmos” (Tg 1,22). “Que a Palavra de Cristo habite em vós, com toda a sua riqueza, para que possais ensinar e aconselhar uns aos outros com toda sabedoria” (Cl 3,16).
“A palavra é viva quando são as obras que falam. Cessem, portanto, os discursos e falem as obras. Estamos saturados de palavras, mas vazios de obras. Por este motivo o Senhor nos amaldiçoa como amaldiçoou a figueira em que não encontrara frutos, mas apenas folhas. Diz São Gregório: “Há uma lei para o pregador: que faça o que prega”. Em vão pregará o conhecimento da Lei quem destrói a doutrina por suas obras” (Santo Antônio de Pádua, I, 226, Séc. XII).
“Os escribas e os fariseus têm autoridade para interpretar a Lei de Moisés. Portanto, tudo o que eles vos disserem, fazei e observai, mas não imiteis suas ações! Pois falam e não praticam” (Mt 23,1-3).
“Entraram em Cafarnaum. No sábado, Jesus foi à sinagoga e pôs-se a ensinar. Todos ficaram admirados com seus ensinamentos, pois Ele os ensinava como alguém que tem autoridade, e não como os mestres da Lei” (Mc 1,21).
“Enquanto Jesus falava, uma mulher levantou a voz no meio da multidão e lhe disse: Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram. Ele respondeu: Muito mais felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 27s).
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, o homem de Deus estará capacitado e bem preparado para toda boa obra” (2Tm 3, 16s).
Dom Félix
Fonte: Artigo “A Amizade com Jesus na Palavra e na Eucaristia” (15ª Parte).