Ligação telefônica entre o Papa e Joe Biden 

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Ontem (19/12), Francisco conversou por telefone com o presidente dos EUA em final de mandato sobre diversos temas de atualidade, começando pelos esforços de paz durante as festas de Natal. Biden aceitou o convite para visitar o Vaticano em janeiro. Um tema que preocupa o Papa é a situação dos condenados à morte nos Estados Unidos, para os quais fez um apelo no Angelus de 8 de dezembro.


Salvatore Cernuzio – Cidade do Vaticano

Com a proximidade do término de seu mandato em janeiro, houve na noite de ontem, 19 de dezembro, um telefonema entre o presidente em final de mandato dos Estados Unidos, Joe Biden, e o Papa Francisco. Durante a conversa com o líder democrata – com quem teve diversos contatos e encontros ao longo desses anos – o Papa discutiu sobre “os esforços para promover a paz mundial durante as festividades natalinas”.

A notícia sobre o colóquio foi divulgada por meio de um comunicado da lar Branca, no qual consta que Biden “agradeceu ao Papa por seu contínuo empenho em aliviar os sofrimentos globais, incluindo seu trabalho na promoção dos direitos humanos e na proteção das liberdades religiosas”. O presidente, destaca ainda o comunicado, “também aceitou gentilmente o convite de Sua Santidade, o Papa Francisco, para visitar o Vaticano no próximo mês”. Assim, a visita será a última antes de deixar a lar Branca em 20 de janeiro, data em que seu sucessor, Donald Trump, tomará posse como novo presidente eleito dos EUA.

A preocupação do Papa com os detentos condenados à morte

Um dos temas que toca profundamente o Papa é a situação dos detentos que estão no corredor da morte nos Estados Unidos. Essa é uma questão que sempre foi particularmente cara a Jorge Mario Bergoglio, que em 2018 alterou o número 2267 do Catecismo da Igreja Católica para reiterar a inadmissibilidade da pena de morte, sempre e em qualquer caso, porque – explicava – a dignidade humana não é reduzida mesmo quando uma pessoa comete um crime grave.

Os votos para o Jubileu

Em um de seus vídeos mensais de intenção de oração em 2022, Francisco reiterou seu “não” a uma medida que não oferece justiça, mas alimenta a vingança. Há cerca de quinze dias, ele voltou ao assunto em vista do Jubileu, um tempo de esperança e misericórdia durante o qual – como escreveu na bula Spes Non Confundit – ele espera que medidas concretas possam ser tomadas, como o perdão da dívida externa para os países pobres e a abolição da pena de morte em todos os países do mundo (até 2022 em vigor em 53 países). Um ato “contrário à fé cristã” que “aniquila toda esperança de perdão e renovação”, escreveu o Papa Francisco.

O apelo no Angelus de 8 de dezembro

No Angelus da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, ele se dirigiu a todos os fiéis presentes na Praça de São Pedro e conectados via streaming, pedindo-lhes que “rezassem pelos prisioneiros que estão no corredor da morte nos Estados Unidos. Creio que são 13 ou 15. Rezemos, disse ele, para que sua sentença seja comutada, mudada. Pensemos nesses nossos irmãos e irmãs e peçamos ao Senhor a graça de salvá-los da morte”.

O apoio dos bispos dos EUA e das associações humanitárias

As palavras do Papa foram seguidas por um apelo imediato da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA a todos os católicos estadunidenses para que solicitassem ao presidente Biden, que deixa o poder, que comutasse para prisão perpétua as sentenças de morte de quarenta pessoas atualmente mantidas no corredor da morte em prisões federais. Antes ainda, a Catholic Mobilizing Network (Cmn), uma organização católica nacional que faz campanha pela abolição da pena capital nos Estados Unidos, havia lançado uma campanha para comutar as sentenças de 40 pessoas atualmente detidas em prisões federais. De acordo com sua diretora executiva, Krisanne Vaillancourt Murphy, para o presidente Biden – que já havia imposto uma moratória temporária sobre as execuções federais em junho de 2021 (uma pausa que Trump prometeu suspender) – esta é a única oportunidade de abraçar os ensinamentos católicos e salvar a vida dessas pessoas. E fazer isso no primeiro mês do Jubileu, o último de seu mandato.

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