O “Madagáscar está em suspenso, aguardando as declarações do Presidente, Andry Rajoelina”, disse à agência Fides, o Padre Cósimo Alvati, missionário salesiano no país.
Vatican News (com FIDES)
Ele está chocado com as duas semanas de manifestações que começaram a 25 de. Após a violenta repressão das manifestações, uma unidade militar, a Capsat, pediu às forças de segurança, a 11 de outubro, que “se recusassem a abrir fogo” contra os manifestantes. “A atitude dos militares, que parecem ter-se aliado à população, ainda não é totalmente clara”, comenta o missionário. “Por sua vez, a Gendarmerie ainda parece leal ao Presidente.
Para acalmar os ânimos, foi anunciado um novo governo, mas até agora apenas foram revelados os nomes de três ministros.” – refere o missionário. O Presidente, cujo paradeiro permanece ignorado, anunciou um discurso à Nação que será transmitido hoje, 13 de outubro, às 19h00, hora local.
“Este é um padrão já observado no passado, em 2009, quando o próprio Raojelina tomou o poder após protestos populares contra o então presidente Marc Ravalomanana, que por sua vez, tinha tomado o poder em 2002 com o apoio de sectores do exército após um duro confronto com o presidente cessante, Didier Ratsiraka”, recorda o padre Cosimo.
As manifestações dos últimos dias foram reprimidas de forma sangrenta; segundo dados da ONU, houve pelo menos 20 mortos entre os manifestantes, mas nenhum número oficial foi divulgado pelas autoridades malgaxes.
“Os gangues criminosos estão a aproveitar-se do caos, atacando uma população exausta pela pobreza”, sublinha o missionário. “Enquanto que existe uma economia de sobrevivência no campo, nas cidades, grande parte da população vive na pobreza, se não mesmo morrendo de fome. Enquanto os malgaxes não tiverem uma perspetiva real de crescimento, revoltas deste tipo continuarão a explodir”, conclui o padre Cosimo.