Não basta ter boas intenções! É preciso método para torná-las concretas. São Francisco de Sales, atingindo a São Bernardo, dizia: “O inferno está cheio de boas vontades e de bons desejos”. O Papa Francisco escreve: “O discernimento leva-nos a reconhecer os meios concretos que o Senhor predispõe, no seu misterioso plano de amor, para não ficarmos apenas pelas boas intenções” (GEx 169).
A pergunta permanente deve ser: como aqui e agora eu posso corresponder ao chamado de Deus? Conhecemos os mandamentos que nos dão os valores fundamentais a serem assumidos como luzes na vida; mas o como depende do saber discernir nessa caminhada rumo ao Senhor. O discernimento espiritual pode ser feito de diferentes maneiras. O Papa observa que (GEx 170): ‘o discernimento é uma graça. Está em jogo o sentido da minha vida diante do Pai que me conhece e ama, aquele sentido verdadeiro para o qual posso orientar a minha existência e que ninguém conhece melhor do que ele. Em suma, o discernimento leva à própria fonte da vida que não morre, isto é, conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro, e a quem ele enviou, Cristo. Não requer capacidades especiais nem está reservado aos mais inteligentes e instruídos; o Pai compraz-se em manifestar-se aos humildes.
Os Padres do deserto ensinavam: “Não faças nada antes de ter examinado no teu coração se o que estás para fazer é segundo Deus”, isto é, veja se a escolha é determinada por uma boa intenção, quais são os verdadeiros motivos do agir. De fato, uma escolha boa pode ser motivada por intenções não segundo Deus. Por isso, é preciso livrar o coração de tudo o que não está em sintonia com o projeto e o ensino do Senhor. O discernimento abraça o interior da pessoa: pensamentos, desejos, sentimentos, afetos, atitudes… para chegar a uma leitura verdadeira do que somos dentro e detectar as raízes e as razões do próprio ser e agir.
Com o salmista rezemos: ‘Senhor, tu me sondas e me conheces, tu sabes quando me sento e quando me levanto. De distante penetras meus pensamentos. Todas as minhas veredas te são conhecidas. Foste tu que formaste meus rins, e me teceste no ventre de minha mãe (Sl 138).
