O purpurado pede ao povo birmanês para manter a calma e não ceder à tentação da violência: “Já derramamos sangue o bastante. Sempre existem maneiras não violentas de expressar nossos protestos. Mesmo neste momento tão difícil, acredito que a paz é o único caminho, que a paz é possível ”, escreve o purpurado.
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“A paz é possível. A paz é o único caminho e a democracia é a luz deste caminho”. Com estas palavras, o arcebispo de Yangon e presidente da Conferência Episcopal de Mianmar, cardeal Charles Bo, conclui uma mensagem divulgada na quarta-feira, 3, dois dias depois do golpe militar que depôs Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro.
A mensagem é dirigida a todos: à população de Mianmar, ao Exército birmanês, aos líderes da Liga Nacional para a Democracia (NLD) – que voltou a vencer nas eleições de novembro passado – à própria San Suu Kyi e ao presidente da República Win Myint, mas também à comunidade internacional.
O apelo ao povo birmanês é para manter a calma e não ceder à tentação da violência: “Já derramamos bastante sangue. Sempre existem maneiras não violentas de expressar nossos protestos. Mesmo neste momento tão difícil, acredito que a paz é o único caminho, que a paz é possível ”, escreve o purpurado.
A mensagem interpela em particular os trabalhadores da saúde que aderiram a uma campanha de desobediência civil e de boicote em sinal de protesto, para que continuem a prestar serviços nos hospitais e não abandonem o povo birmanês, especialmente neste momento de emergência da Covid-19.
Em seguida, o arcebispo de Yangon se dirige ao exército birmanês, que promete mais democracia e eleições multipartidárias em um ano, após uma investigação sobre suposta fraude eleitoral atribuída à Liga Nacional para a Democracia.
Observando que a contenda poderia ter sido resolvida com um colóquio mediado por observadores independentes, o cardeal Bo pede que “as palavras sejam seguidas de fatos” e, sobretudo, que não haja violência contra o povo de Mianmar.
Quanto às pessoas presas após o golpe, a mensagem pede sua libertação imediata: “Não são prisioneiros de guerra, são prisioneiros de um processo democrático. Se vocês prometem democracia, comecem com a libertação deles e o mundo entenderá vocês ”.
O purpurado então, expressa solidariedade a Aung San Suu Kyi, rezando para que ela possa o mais breve possível estar entre sua gente.
Por fim, o apelo à comunidade internacional a qual o cardeal Bo pede que não recorra a sanções, as quais – diz ele – correm o risco de “colapsar a economia, jogando milhões na pobreza”. A única maneira de sair da crise – sublinha – é envolver os atores políticos na reconciliação.
O presidente dos bispos birmaneses conclui então, com um renovado apelo para que todas as contendas sejam resolvidas com o colóquio.
Também o Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e a Conferência Cristã da Ásia (Cca) divulgaram uma carta pastoral conjunta, onde é expressa grande preocupação pelos recentes acontecimentos no país asiático e pedida solidariedade na oração às Igrejas birmanesas. Na mensagem, é pedido um “colóquio construtivo que conduza à paz e reconciliação”, e que a democracia seja restaurada.
Vatican News Service – LZ