Nestes dias, também a Catedral de Manágua havia sido cercada pela polícia. Manifestantes acabaram se refugiando em Centros Comerciais nas proximidades, que acabaram invadidos com violência. A situação na Nicarágua está se tornando cada vez mais difícil para o atual governo gerenciar.
Cidade do Vaticano
“Meu repúdio pelos escritos desrespeitosos que os apoiadores da ditadura na Nicarágua fizeram na paróquia de Santo Domingo de Las Sierritas e na entrada da Cúria arquiepiscopal, em Manágua. Nada impedirá a missão evangelizadora e profética de que a Igreja recebeu de Jesus”. Com estas palavras, o bispo auxiliar de Manágua, Dom José Silvio Baez, atualmente não residindo em sua diocese por razões de segurança, criticou a ação dos grupos que há alguns dias voltaram a atacar padres e fiéis católicos em Manágua.
O próprio arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo José Brenes, criticou essas ações na imprensa local no domingo, 01, taxando-as de “ações terroristas” e citou a esse respeito as palavras do Santo Padre: “É muito triste, porque essas coisas são feitas na “escuridão da noite, isso significa que se trata, como disse o Papa Francisco, em certo sentido de ações terroristas, porque o terrorista lança a bomba e depois se esconde”.
Além do dano material – devido ao fato de os escritos terem sido feitos com tinta nas paredes e nas inscrições na entrada da Cúria, como mostram as fotos publicadas nas redes sociais – fica evidente a intenção expressa de criar confusão e caos entre a população.
O bispo Rolando Álvarez, bispo de Matagalpa, escreveu no Twitter: “É uma pena que as paredes das casas, das capelas e dos lugares sagrados estejam manchadas, mas isso não nos afeta, porque a Igreja enquanto tal é livre, e partindo desta liberdade, continuamos a evangelizar, nada nos impede”.
Na noite entre quinta-feira 27 e sexta-feira 28, assim como na noite seguinte, em vários locais de Manágua foram pintadas frases com elogios ao sandinismo e em apoio ao atual regime, o que revela uma ação evidentemente planejada.
A situação sócio-política é cada vez mais tensa devido à pressão econômica internacional sobre o governo nicaraguense, após a intervenção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Os grupos de oposição conseguiram formar um grupo sólido e unido contra as autoridades atuais e para defender os direitos dos cidadãos e a evangelização da Igreja Católica, que adquiriu maior consistência e protagonismo na vida da comunidade nicaraguense, graças ao testemunho de seus membros.
Como exemplo, citamos as palavras do pároco Ricardo Zambrana, que durante a homilia da última sexta-feira, 28 de fevereiro, na Igreja de Santo Domingo, pediu a Deus para “nos libertar dessas situações adversas (…). Queremos apenas falar somente do Evangelho, mas é difícil, porque não podemos ficar calados quando eles não respeitam a Igreja”.
O sacerdote descreveu então a mais recente ação ofensiva contra as sedes da Igreja Católica e sublinhou que “perdoamos de coração … mas o mais triste é que não existe mais nenhuma autoridade”, em referência às instituições que deveriam garantir a segurança no país.
A situação na Nicarágua está se tornando cada vez mais difícil para o atual governo gerenciar. De fato, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou seu relatório anual, onde informa que ofereceu empréstimos a todos os países da América Central, exceto à Nicarágua. Além disso, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos informou oficialmente que Michelle Bachelet, a mais alta autoridade desta instituição, apresentou ao Conselho Geral em Genebra, em 27 de fevereiro, um relatório sobre a situação na Nicarágua.
(Agência Fides)