Dom Rolando José Álvarez Lagos será julgado em uma data ainda a ser especificada. Confirmada a prisão domiciliar
Vatican News
O bispo nicaraguense de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, Dom Rolando José Álvarez Lagos, indiciado pelo crime de “conspiração por atentar contra a integridade nacional e divulgar falsas notícias através das tecnologias de informação e comunicação em detrimento do Estado e a sociedade nicaraguense” será formalmente processado. Esta foi a decisão do juiz na audiência preliminar de 10 de janeiro, realizada em um tribunal de Manágua. Também foi confirmado o mandado de prisão para o padre Uriel Antonio Vallejos, pároco da paróquia Jesús de la Divina Misericordia, na cidade de Sébaco, sobre o qual estão pendentes as mesmas acusações contra o bispo e que atualmente se encontra no exílio.
Dom Álvarez é o primeiro bispo a ser preso e acusado desde que o Presidente Daniel Ortega retornou ao poder na Nicarágua em 2007. Ele foi levado do palácio episcopal em Matagalpa na madrugada de 19 de agosto por policiais, juntamente com sacerdotes, seminaristas e leigos, após ter sido detido à força durante 15 dias na Cúria sob a acusação de tentar “organizar grupos violentos” com o “objetivo de desestabilizar o Estado nicaraguense e atacar as autoridades constitucionais”. O bispo foi então transferido para sua residência particular em Manágua sob prisão domiciliar, enquanto os outros foram levados para um quartel da polícia na capital. O Presidente Ortega acusou a Igreja Católica de usar “os bispos na Nicarágua para organizar um golpe de Estado” no contexto das manifestações que eclodiram em abril de 2018 por causa das controversas reformas governamentais. Após os eventos, numerosas conferências episcopais ao redor do mundo, assim como organizações civis, expressaram solidariedade com a Igreja nicaraguense.
O Papa Francisco falou sobre a situação na Nicarágua no Angelus de domingo, 21 de agosto. “Estou acompanhando de perto com preocupação e dor”, disse, “a situação que surgiu na Nicarágua envolvendo pessoas e instituições”. Gostaria de expressar minha convicção e minha esperança de que, através de um colóquio aberto e sincero, ainda se possam achar as bases para uma coexistência respeitosa e pacífica”.
O Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, também expressou sua consternação com as ações do governo da Nicarágua contra as organizações da sociedade civil, incluindo as da Igreja Católica.