“A Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a comunidade científica têm indicado algumas ações que já estão em andamento para conter o avanço da doença e assim evitar o colapso do sistema de saúde, bem como reduzir o número de mortes causadas pela Covid-19”, lê-se na nota, na qual a SBCC propõe algumas reflexões aos pesquisadores católicos
A Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos emitiu, em 27 de março, uma nota pública assinada por seu presidente, Everthon de Souza Oliveira, a qual trazemos, integralmente, a seguir:
Nota pública da Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos
Nós, membros da SBCC, diante da pandemia do Covid-19, fazemo-nos próximos e solidários aos brasileiros neste momento de angústia, incertezas e esperanças. Reconhecemos o grande valor dos cientistas, profissionais da saúde e de todos os demais que têm papel indispensável nesta hora. Queremos também contribuir para a promoção e defesa da vida, o bem maior.
A Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a comunidade científica têm indicado algumas ações que já estão em andamento para conter o avanço da doença e assim evitar o colapso do sistema de saúde, bem como reduzir o número de mortes causadas pela Covid-19. Considerando-se que muitas outras ações ainda precisarão ser desenvolvidas a SBCC propõe aos pesquisadores católicos as seguintes reflexões:
1 – É preciso priorizar temporalmente os esforços científicos, técnicos e econômicos, de modo que soluções para os problemas mais relevantes sejam rapidamente levantadas, tendo em conta o valor inegociável da vida humana. Sob este valor, devem estar subordinadas todas as demais preocupações políticas e econômicas.
2 – A aplicação em larga escala de vacinas, medicamentos e outros tratamentos deve ser baseada em conhecimentos científicos comprovados ou, quando em condições extremas, em protocolos clínicos devidamente justificados. Comunidades humanas não podem ser usadas como cobaias, a fim de obter conhecimento. Isso inverte a lógica de uma ciência humanista e fere a ética científica em diferentes níveis. Neste mesmo sentido, as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.
3 – É mister estabelecer, em espírito solidário, um colóquio efetivo e transdisciplinar para achar a dosimetria adequada das ações no complexo enfrentamento da crise. Deve-se buscar ações econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário, que visem o bem comum e protagonizem a opção preferencial pelos pobres.
4 – Ao fim dessa crise, a sociedade terá a oportunidade de reavaliar os papéis tanto da comunidade científica quanto dos profissionais de saúde, por vezes preteridos de incentivos públicos e privados, no cenário nacional. Reafirmamos sua importância e a necessidade de que suas orientações sejam seguidas por parte das autoridades civis, eclesiásticas, e toda sociedade de modo geral.
Em tempo, conclamamos esses profissionais a que assumam, com profunda solidariedade e colaboração, suas funções tão necessárias nesse momento crítico em que vivemos. Pedimos a todos os irmãos para que rezem por esses profissionais e que nos unamos a Cristo para sermos sinais de esperança.
27 de março de 2020.