O programa do evento “Caminhar juntos com Esperança”, apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé, será realizado nesta terça-feira, 28 de outubro, na Sala Paulo VI, por ocasião do aniversário de 60 anos da declaração do Concílio Vaticano II sobre as relações da Igreja com as religiões não-cristãs. Está prevista a participação de 3 mil representantes de confissões religiosas do mundo, 5 apresentações artísticas, 3 testemunhos e um discurso de Leão XIV, antes da oração silenciosa pela paz.
Alessandro Di Bussolo – Vatican News
O primeiro momento da comemoração do 60º aniversário da Declaração conciliar Nostra Aetate, sobre as “Relações da Igreja com as Religiões não- Cristãs, que terá como tema “Caminhar juntos com Esperança”, será a entrada solene, na Sala Paulo VI, de oitenta representantes das principais religiões, do Judaísmo ao Islamismo, do Hinduísmo às religiões tradicionais africanas, acompanhados por um numeroso grupo de crianças. No dia 28 de outubro, aniversário do documento conciliar, das 18h30 às 20h30, o vento será encerrado com um discurso do Papa Leão XIV e uma oração silenciosa dos três mil participantes. Antes da conclusão, as crianças distribuirão a todos saquinhos de sementes, que representam as “sementes de esperança”, plantadas há 60 anos, “que, hoje, devem ser continuadas a ser semeadas, como incentivo, sobretudo, aos jovens, a se tornar novos semeadores de paz e colóquio”.
Arcebispo Pace: pensado ao judaísmo, expandiu-se entre todas religiões
Mons. Indunil Janakaratne Kodithuwakku Kankanamalage, secretário do Dicastério para o colóquio Inter-religioso, apresentou, na Sala de Imprensa da Santa Sé, dois momentos mais significativos do evento comemorativa. Antes de tudo, definiu assim a Declaração conciliar: “Um texto curto, mas revolucionário, que mudou a atitude, a linguagem e o comportamento da Igreja Católica em relação às outras religiões; lembra-nos os raios daquela Verdade, que ilumina todos os homens, que se encontram também em outras confissões religiosas.
Por sua vez, o arcebispo Flavio Pace, secretário do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos e vice-presidente da Comissão para as Relações Religiosas com os Judeus, recordou: “Nostra Aetate foi concebida, inicialmente, para tratar apenas sobre tais relações, mas, depois, foi dotada de uma perspectiva mais ampla”. E acrescentou: “Hoje, os judeus afirmam que o documento marcou uma mudança epocal, pois, ser considerado pelos cristãos como suas raízes próprias é uma revolução cultural”. Com efeito, em seu quarto ponto, a Declaração “condena toda e qualquer forma de antissemitismo”, bem como “todo tipo de perseguição contra qualquer pessoa”.
Kankanamalage: mais de 3 mil representantes das religiões do mundo
O secretário do Dicastério para o colóquio Inter-religioso recordou que estarão presentes, na Sala Paulo VI, mais de três mil representantes de confissões religiosas do mundo inteiro – Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Jainismo, Sikhismo, Budismo, Zoroastrismo, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo e religiões tradicionais africanas. Todos estarão reunidos com membros da Cúria Romana, do Corpo Diplomático credenciado junto à Santa Sé, delegados católicos engajados no colóquio inter-religioso, acadêmicos, redes inter-religiosas e jovens provenientes de todo o mundo. Por fim, informou que a Audiência Geral do Papa, dia 29 de outubro, será toda dedicada à declaração Nostra Aetate e ao colóquio inter-religioso, na presença de numerosos líderes religiosos.
Apresentações artísticas do Sri Lanka aos Estados Unidos
Após as boas-vindas oficiais dos Cardeais George Jacob Koovakad, Prefeito do Dicastério para o colóquio Inter-religioso, e Kurt Koch, Prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, será apresentado um breve vídeo, intitulado “Nostra Aetate: uma pedra miliar“, que recordará as principais etapas destes 60 anos, com gestos e palavras dos Pontífices. A seguir, haverá cinco representações artísticas: “dança Kandyan”, uma tradição budista do Sri Lanka, da qual também participam jovens cristãos; “Tiga Apsari”, três coreografias da Indonésia, que representam o hinduísmo, o catolicismo e o islamismo; uma “apresentação cultural” da República Democrática do Congo; uma “apresentação musical tradicional judaica”, que recorda a esperança do povo de Israel; enfim, também uma apresentação contemporânea dos EUA, intitulada: “We are the new world” (“Somos o novo mundo”).
Três vozes de colóquio: budista, judaica e de MED25
O programa do evento contará ainda com três testemunhos: o do Mestre Hassin Tao, da Birmânia, que, ainda criança-soldado, foi transferido para Taiwan, onde fundou o mosteiro budista no Monte Linjiu e o Museu das Religiões do Mundo; depois, o de Sarah Bernstein, do Centro Rossing, em Jerusalém, uma voz judaica, em prol da reconciliação e da colaboração entre comunidades em conflito; e, por fim, o testemunho de jovens de diferentes religiões, das cinco margens do Mediterrâneo, que navegam juntos para promover a paz, segundo o projeto “Bel Espoir – MED25”, que se encontram no navio Bel Espoir, que o Papa Leão XIV, visitou em Óstia.
O discurso do Papa e oração silenciosa pela paz
Enfim, o Secretário do Dicastério para o colóquio Inter-religioso falou sobre o momento mais esperado: o discurso que o Papa fará sobre os 60 anos da Declaração conciliar, durante o qual “convidará todos a continuar a caminhar juntos na esperança e no colóquio, mesmo nos tempos difíceis em que vivemos”. Ao término, antes de convidar os participantes do evento a um momento de oração silenciosa pela paz, as numerosas crianças presentes distribuirão a todos saquinhos de sementes. Trata-se de um gesto com base nas palavras de São João Paulo II, em 1986: “Toda oração autêntica é inspirada pelo Espírito Santo, misteriosamente presente no coração de cada homem”.

