Leão XIV recebe uma delegação do Grupo de Conservadores e Reformistas Europeus do Parlamento Europeu que participa de uma conferência em Roma. Ele os exortou a promover o bem comum, indicou São Tomás Moro como ponto de referência e pediu para proteger a herança religiosa do continente: “Isso não significa restaurar uma época passada, mas garantir que recursos essenciais para a futura cooperação e integração não sejam perdidos.”
Vatican News
O Papa Leão XIV citou o exemplo de São Tomás Moro para a delegação do Grupo de Conservadores e Reformistas Europeus, um grupo político do Parlamento Europeu criado em 2009 por partidos conservadores de direita e centro-direita. Sua “sabedoria, coragem e defesa da consciência” são “uma inspiração atemporal para aqueles que buscam promover o bem-estar da sociedade”, disse o Pontífice em seu discurso aos membros da delegação recebidos em audiência, nesta quarta-feira (10/12), na Residência Apostólica Vaticana, antes da Audiência Geral na Praça São Pedro. “Promover o bem comum” é, de fato, responsabilidade daqueles que ocupam “altos cargos na sociedade”, afirmou o Pontífice, exortando a “nunca perder de vista os esquecidos, os marginalizados, aqueles a quem Jesus Cristo chamou de ‘os mais pequeninos’ entre nós”.
Permitir que opiniões diferentes sejam expressas e discutidas
“Como representantes democraticamente eleitos, vocês refletem uma gama de opiniões que se inscrevem num espectro mais amplo de opiniões diferentes”, afirmou o Pontífice. Um dos objetivos essenciais de um Parlamento é “permitir que essas opiniões sejam expressas e discutidas”. No entanto, “uma característica distintiva de toda sociedade civil é que as diferenças sejam debatidas com cortesia e respeito, pois a capacidade de discordar, de ouvir atentamente e até mesmo de dialogar com aqueles que poderíamos considerar opositores testemunha nossa reverência pela dignidade doada por Deus a todos os homens e mulheres”, ressaltou o Papa.
A ligação entre o cristianismo e a história europeia
Ele retomou as palavras dos papas seus predecessores, segundo os quais “a identidade europeia só pode ser compreendida e promovida em referência às suas raízes judaico-cristãs”. “O objetivo de proteger a herança religiosa deste continente, no entanto, não é simplesmente salvaguardar os direitos de suas comunidades cristãs, nem se trata principalmente de preservar costumes ou tradições sociais particulares, que, de qualquer forma, variam de lugar para lugar e ao longo da história. Trata-se, acima de tudo, do reconhecimento de um fato”, esclareceu o Papa Leão. Todos, de fato, “são beneficiários da contribuição que os membros das comunidades cristãs deram e continuam dando para o bem da sociedade europeia”. Nesse sentido, o Papa lembrou os importantes desenvolvimentos da civilização ocidental: “Os tesouros culturais de suas imponentes catedrais, a arte e a música sublimes e os progressos da ciência, sem falar no crescimento e na difusão das universidades”. Progressos que testemunham o “vínculo intrínseco” entre o cristianismo e a história europeia. “Uma história que deve ser preservada e celebrada”, afirmou Leone XIV.
A voz da Igreja
A referência é também aos “ricos princípios éticos e modelos de pensamento que formam o patrimônio intelectual da Europa cristã”, essenciais para “salvaguardar os direitos divinamente concedidos e o valor intrínseco de cada pessoa humana, desde a concepção até a morte natural” e “fundamentais para responder aos desafios colocados pela pobreza, pela exclusão social, pela privação econômica, bem como pela crise climática em andamento, pela violência e pela guerra”. “Garantir que a voz da Igreja, também através de sua Doutrina Social, continue sendo ouvida, não significa restaurar uma época passada, mas garantir que recursos fundamentais para a cooperação e integração futuras não sejam perdidos”, disse o Papa Leão.
O colóquio entre fé e razão
No final de seu discurso, Leão citou o que Bento XVI afirmou no Westminster Hall, em Londres, em 2010, sobre a necessidade do colóquio entre “o mundo da razão e o mundo da fé”. Nesse colóquio, “os políticos têm um papel de grande importância”, destacou Leão. Ele acrescentou que “é vital respeitar as competências específicas de cada um, bem como fornecer o que o outro precisa”, ou seja, “um papel reciprocamente ‘purificador’ para garantir que nenhum dos dois caia em distorções”.
O Santo Padre espera que os políticos possam se comprometer “positivamente” com este relevante colóquio, “não apenas para o bem dos povos da Europa, mas de toda a família humana”.

