Francisco recebeu, no Vaticano, um grupo de fiéis da Coreia do Sul por ocasião da bênção da estátua de Santo André Kim Taegon. O Pontífice indicou a sua figura como um exemplo a seguir para a Igreja, à qual confia os jovens em vista da JMJ de Seul.
Manoel Tavares – Vatican News
O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 16, no Vaticano, um grupo de fiéis, provenientes da Coreia do Sul, para comemorar o dia do martírio de Santo André Kim Taegon, ocorrido há 177 anos, e por ocasião da bênção da sua estátua, colocada em um dos nichos externos da Basílica de São Pedro.
Em agosto de 2014, Francisco esteve na Coréia do Sul, por ocasião da VI Jornada da Juventude Asiática. Além do encontro com os jovens, visitou o Santuário de Solmoe, que se encontra perto da lar onde Santo André Kim nasceu e passou a infância. Ali, rezou em particular pela Coreia e pelos jovens asiáticos.
Recordando a vida intensa deste grande santo coreano, o Papa refletiu sobre a frase de Jesus: “Se o grão de trigo, caído na terra, não morre, permanece só; mas se morrer, produz muito fruto”. E explicou:
“São palavras que nos ajudam a ler, com inteligência espiritual, a linda história da fé de vocês, da qual Santo André Kim é uma semente preciosa. Ele foi o primeiro sacerdote mártir coreano, que morreu ainda jovem, logo depois da sua Ordenação. Sua figura convida todos a descobrir a vocação confiada à Igreja coreana: vocês são chamados a uma fé jovem e ardente que se torna dom, graças ao amor a Deus e ao próximo”.
Neste sentido, disse Francisco, com a profecia do martírio, a Igreja coreana nos recorda que “não se pode seguir a Jesus, sem abraçar a sua Cruz”, e “não se pode ser bom cristão, se não estiver disposto a seguir o caminho do amor até ao fim”. A seguir, o Santo Padre destacou mais um aspecto relevante da vida de Santo André Kim: “seu grande ardor pela pregação do Evangelho”.
“Ele se dedicou ao anúncio da Boa Nova de Jesus com nobreza de espírito, sem recuar diante dos perigos e dos muitos sofrimentos. Sabemos que seu pai e avô também foram martirizados e sua mãe obrigada a viver como mendiga. Diante de tais exemplos, somos convidados a cultivar no coração o zelo apostólico; ser sinais de uma Igreja que vai pelo mundo para pregar, com felicidade, a semente do Evangelho, mediante uma vida de dedicação aos outros, na paz e com amor”.
Referindo-se à Igreja coreana, Francisco recordou que “ela nasce dos leigos e é fecundada pelo sangue dos mártires; suas raízes são regeneradas pelo generoso impulso evangélico das testemunhas e pela valorização do papel e dos carismas dos leigos”.
Deste ponto de vista, acrescentou o Papa, é relevante ampliar o espaço de colaboração pastoral, para que o anúncio do Evangelho seja difundido pelos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, e encarnado nas diversas culturas e na história, em espírito de serviço, sem jamais criar conflitos, mas uma plena comunhão. Por fim, Francisco exortou os presentes:
“Por isso, desejo convidar-lhes a redescobrir a sua vocação de ‘apóstolos da paz’, em todos os âmbitos da vida. Quando Andrea Kim estudou teologia em Macau, foi testemunha dos horrores das Guerras do Ópio. Naquele contexto de conflito, conseguiu ser semente de paz, levando todos ao encontro e ao colóquio”.
Neste contexto, o Papa constatou: “Eis a profecia para a Península Coreana e para o mundo inteiro: ser companheiros de viagem e testemunhas de reconciliação, pois o porvir não se constrói com a força violenta das armas, mas com a força suave da solidariedade”.
O Santo Padre concluiu seu discurso aos fiéis coreanos, pedindo a intercessão de Santo André Kim Taegon para que se realize o sonho da paz na Península Coreana, que está sempre nos seus pensamentos e orações.
Ao se despedir dos presentes, o Papa Francisco recordou seu anúncio: “Seul será sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2027”. Assim, confiou os jovens à Igreja coreana, para que não se deixem arrastar pelos falsos mitos do poder, do consumismo e da ilusão do hedonismo, mas se tornem interiormente livres e alegres testemunhas da verdade e fraternidade.