Numa mensagem de vídeo, Francisco expressa o seu pesar pela morte do teólogo latino-americano entre os fundadores da Teologia centrada na libertação das pessoas e na emancipação dos pobres: “Um homem de Igreja, que soube ficar em silêncio quando tinha que fazer silêncio, que soube sofrer quando tinha que sofrer.” O funeral realizou-se no dia 24 de outubro na Basílica do Santíssimo Rosário, em Lima, Peru.
Vatican News
“Hoje penso no Gustavo. Gustavo Gutiérrez. Um homem”, afirma o Papa Francisco numa mensagem de vídeo transmitida durante as exéquias do dominicano considerado o “pai” da Teologia da Libertação, celebradas, em 24 de outubro, na Basílica do Rosário, em Lima, Peru. O religioso faleceu na última terça-feira, aos 96 anos.
Um homem da Igreja
“Um homem de Igreja, que soube ficar em silêncio quando tinha que fazer silêncio, que soube sofrer quando tinha que sofrer”, afirma o Papa num vídeo gravado na Sala Paulo VI onde se realiza o Sínodo, que também ofereceu uma oração por ele. “Ele deu muitos frutos apostólicos e muita Teologia rica” acrescenta o Pontífice, que nos convida a rezar pelo padre Gutiérrez para que “descanse em paz”.
As exéquias em Lima
A missa fúnebre foi presidida pelo cardeal eleito Carlos Castillo, arcebispo de Lima. “Gustavo, pela sua experiência humana, sempre soube, com grande espírito de disponibilidade diante do Senhor, desde muito jovem, deixar-se questionar” – recordou o prelado –, “como dizia ele, ‘questionar’, uma palavra que ele sempre colocou no coração da vida do ser humano”. “Ser cristão significa acolher o dom misericordioso de Deus em nossa vida, representado fundamentalmente pelo dom generoso de Jesus a nós como um dom do Pai” – acrescentou Castillo. “Significa deixar-se levar por aquilo que Gustavo chamou de ‘a gratuidade do amor de Deus’, e que hoje o Papa Francisco reafirmou em sua encíclica sobre o Coração de Jesus. O Papa o chama de ‘dom gratuito’, Gustavo o chama ‘a gratuidade’ do ‘amor de Deus'”, reiterou o cardeal designado.
A opção preferencial pelos pobres
Em sua homilia, o arcebispo metropolitano também destacou o trabalho do padre Gustavo Gutiérrez baseado no fundamento evangélico da “opção preferencial pelos pobres”: “É relevante que o padre Gustavo a tenha tomado como fundamento para caminhar neste mundo onde a tirania, a miséria, a marginalização, a intolerância, a ditadura, o desprezo e os maus-tratos querem se impor, como já aconteceu em tantas épocas, mas como também acontece em nosso tempo, no qual temos o dever de humanizar a humanidade com os mesmos sentimentos de Jesus Cristo”.
O amor de Deus é gratuito
Ressaltando a disponibilidade do religioso da Teologia da Libertação de proclamar o Evangelho a todos, Castillo explicou que “hoje o Papa diz em sua encíclica Dilexit nos que “o amor gratuito de Deus torna todos filhos, não custa, não se compra”. Como ensinou o padre Gutiérrez, “se a graça não é gratuita, é uma infelicidade”. No final da celebração, o caixão do padre Gutiérrez foi transferido para a Paróquia do Cristo Redentor, onde foi recebido entre lágrimas e aplausos pelos irmãos da Província Dominicana de São João Batista do Peru e pelos fiéis das várias comunidades paroquiais em que o religioso prestou serviço.