O Papa: universidades católicas, “itinerários da mente em direção a Deus”

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“Universidades católicas, coreógrafas do saber” é o tema da 28ª Assembleia Geral da Federação Internacional das Universidades Católicas que se realiza em Guadalajara, no México. Em sua mensagem para o evento, Leão XIV recorda que “Cristo não vem como um estranho ao discurso racional, mas sim como uma pedra angular que dá sentido e harmonia a todo o nosso pensamento, a todos os nossos desejos e projetos para melhorar a vida presente e para dar propósito e transcendência ao esforço humano”.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XIV enviou uma mensagem aos participantes da 28ª Assembleia Geral da Federação Internacional de Universidades Católicas (FIUC) que teve início nesta segunda-feira (28/07), em Guadalajara, no México.

Organizado pela Universidade do Vale de Atemajac (Univa), o encontro prosseguirá até sexta-feira, 1º de agosto, celebrando o centenário da FIUC, com uma reflexão sobre o tema “Universidades católicas, coreógrafas do saber”. “É uma bela expressão, que convida à harmonia, à unidade, ao dinamismo e à felicidade. Nesse contexto, devemos nos questionar que tipo de música estamos seguindo”, escreve o Papa no texto.

“Os cantos de sereia” da nossa época

“Em nossa época, talvez mais do que em outras épocas, existem muitos “cantos de sereia” que são atraentes por sua novidade, por sua popularidade ou, em outras ocasiões, pela aparente segurança que infundem. Para além dessas impressões, de natureza superficiais, as universidades católicas são chamadas a tornar-se “itinerários da mente em direção a Deus”.”

O Papa recorda que esta é uma “feliz expressão de São Boaventura” que realiza em nós “a oportuna exortação de Santo Agostinho”: “Considerai, irmãos, o que acontece na alma humana. Por si mesma, não tem luz, não tem força: tudo o que há de bonito na alma é fortaleza e sabedoria; mas o que ela sabe não é seu, nem sua força é sua, nem é luz por si mesma […]. Há uma origem e uma fonte de fortaleza, e uma raiz de sabedoria; há, por assim dizer, uma região, se assim se pode chamar, de verdade imutável; se a alma se afasta dela, entra nas trevas, e se se aproxima, permanece iluminada”.

Cristo dá sentido e harmonia a todo o nosso pensamento

“O ambiente universitário, com seu colóquio característico entre diferentes visões de mundo, não é alheio ao ser e à ação da Igreja”, escreve Leão XIV, recordando que “os cristãos, desde o início da evangelização, perceberam claramente que a Boa Nova não poderia ser anunciada sem esclarecer em que medida ela era ou não compatível com outras formas de ver o mundo e outras propostas sobre o que significa ser humano e viver em sociedade”. De acordo com o Pontífice, “é relevante a pergunta que São Paulo faz aos cristãos de Roma, convidando-os a comparar seu modo de vida atual com o anterior: ‘Que proveito tirastes então das obras que agora vos envergonham? O resultado dessas obras é a morte'”.

“Aqueles povos do mundo clássico não eram desprovidos de inteligência, e, no entanto, para o Apóstolo, o fim e o resultado de todo o seu raciocínio se resumem na palavra “morte”. Por quê? O que faltava? Faltava Cristo, Palavra e Sabedoria do Pai; faltava Aquele por meio de quem e para quem todas as coisas foram feitas”, escreve ainda o Papa.

“Cristo não vem como um estranho ao discurso racional, mas sim como uma pedra angular que dá sentido e harmonia a todo o nosso pensamento, a todos os nossos desejos e projetos para melhorar a vida presente e para dar propósito e transcendência ao esforço humano.”

Sabedoria, lugar natural de encontro e colóquio

O Papa recorda que “Santo Tomás compreendeu bem que em Cristo-Sabedoria há ao mesmo tempo o que é mais próprio da nossa fé e o que é mais universal da inteligência humana. Portanto, a sabedoria, assim entendida, é o lugar natural de encontro e colóquio com todas as culturas e todas as formas de pensamento“. Ele escreve em seu Comentário às Sentenças que a sabedoria, “seja uma capacidade do intelecto ou um dom [de Deus], lida sobretudo com o divino”.

“Assim, não precisamos nos distanciar de Cristo, nem relativizar seu lugar único e próprio, para dialogar de maneira respeitosa e fecunda com outras escolas do saber, antigas ou recentes.”

O Papa conclui a mensagem, desejando “que Cristo-Sabedoria – a Verdade feita Pessoa, que atrai o mundo a si – seja a bússola que orienta o trabalho das instituições universitárias”.

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