Um dos principais perigos dos jogos virtuais é o vício. Muitos jogadores passam horas diante da tela, negligenciando o sono, os estudos, o trabalho e as relações sociais.
Padre Lício de Araujo Vale Diocese São Miguel Paulista – SP
Os jogos virtuais ocupam, cada vez mais, um espaço significativo na vida de crianças, adolescentes, jovens e adultos. Com gráficos envolventes, enredos cativantes e possibilidade de interação online, eles se tornaram parte da rotina de milhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, por trás do entretenimento aparentemente inofensivo, esconde-se uma série de riscos que merecem atenção e reflexão.
Vicio silencioso
Um dos principais perigos dos jogos virtuais é o vício. Muitos jogadores passam horas diante da tela, negligenciando o sono, os estudos, o trabalho e as relações sociais. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já reconhece o “distúrbio do jogo eletrônico” como uma condição de saúde mental, caracterizada pela perda de controle sobre o tempo de jogo e pela priorização de atividade em detrimento de outras áreas da vida.
Isolamento social e impacto emocional
Enquanto promovem conexões virtuais, os jogos muitas vezes acentuam o isolamento real. Jovens se distanciam da convivência familiar e da vida social presencial, substituindo vínculos reais por avatares, chats. Além disso, jogos com temáticas violentas, competitivas podem gerar ansiedade, frustração, irritabilidade e até comportamentos agressivos fora do ambiente virtual.
Falta de Supervisão
Muitos jogos, mesmo aqueles aparentemente inofensivos, expõem os jogadores a conteúdos violentos, linguagens impróprias e comportamento tóxicos. Plataformas online nem sempre oferecem filtros eficazes para proteger crianças e adolescentes dos conteúdos. Sem supervisão, dos pais e responsáveis, os riscos se ampliam, permitindo contato com desconhecidos, cyberbullying, assédio e até suicídio.
Prejuízos físicos e cognitivos
O uso excessivo de jogos eletrônicos está associado a problemas como sedentarismo, obesidade, dores musculares, distúrbio do sono e da visão. Do ponto de vista cognitivo, embora alguns jogos desenvolvam habilidades como raciocínio lógico e coordenação motora, o uso descontrolado pode prejudicar a atenção, a memória e a capacidade de concentração.
Caminhos para uma relação saudável
Não se trata de demonizar os jogos virtuais, mas de compreender seus limites e perigos. É essencial que pais, educadores promovam o uso equilibrado da tecnologia. Algumas estratégias incluem:
a) Estabelecer limites de tempo para o uso de jogos.
b) Acompanhar e discutir os conteúdos acessados.
c) Estimular outras formas de lazer e convivência social.
d) Promover o colóquio sobre os sentimentos e comportamentos ligados aos jogos.
Muitas vezes, o excesso no uso de jogos virtuais revela carências emocionais ou necessidades não atendidas. Escutar os filhos com atenção, compreender seus interesses e medos, estar presente de forma afetuosa – tudo isso constrói uma base sólida de confiança que ajuda a enfrentar juntos o desafio do mundo digital.
Mais do que proibir, é necessário educar. Mais do que controlar é preciso acompanhar. E mais do que julgar, é fundamental dialogar.
Os jogos virtuais vieram para ficar. Cabe à família achar caminhos para transformar essa realidade em oportunidade de crescimento, aprendizado e fortalecimento dos vínculos. Quando há presença, colóquio e amor, a tecnologia deixa de ser um obstáculo e se torna ponte para uma convivência mais rica e significativa.