Os nossos emigrantes são missionários onde quer que estejam

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“Missionários”, “pedras vivas” da Igreja onde se encontram. É assim que o Cardeal Arlindo Furtado, Bispo da Diocese de Santiago, define os migrantes cabo-verdianos no mundo. Ele guiou um grande grupo vindo a Roma para o Jubileu dos Migrantes e Missionários e para o Jubileu da Diáspora cabo-verdiana no âmbito dos 500 anos da Igreja em Cabo Verde. Um momento relevante em que foram tratados com deferência por Leão XIV, frisa o prelado com felicidade, corroborado nisto pelo testemunho de peregrinos.

Dulce Araujo – Vatican News 

Vieram da Holanda, Portugal, França, Suíça e juntaram-se aos de Roma para participar no Jubileu dos Migrantes e Missionários realizado nos dias 4 e 5 de outubro no Vaticano, em Roma.  Mas, vieram também como representantes, nos países onde residem, do C500, a Comissão da Década de Preparação do Jubileu dos 500 anos da criação da Diocese de Cabo Verde que ocorrerá em 2033.   

Com efeito, a 31 de janeiro de 1533, o Papa Clemente VII criava, com a Bula Pro Excellenti, a Diocese de Cabo Verde, com sede na cidade de Ribeira Grande, ilha de Santiago, cuja jurisdição se estendia a todo o arquipélago cabo-verdiano e a uma parte do continente africano, abrangendo uma vasta área que ia da Guiné-Bissau à Serra Leoa. 

Para comemorar os 500 anos, a Igreja em Cabo Verde adotou uma Década de preparação articulada em três ciclos trienais por forma a dar graça pelo passado, analisar o presente e projetar-se no porvir. E em 2033, as celebração do Jubileu propriamente dito. 

A Década prevê o estudo da História da Igreja em Cabo Verde e o seu entrelaçamento com a História Geral do país, o desenvolvimento de jubileus temáticos, como jubileu da família, dos jovens, das crianças, e também o jubileu da ampla diáspora cabo-verdiana, espalhada pelo mundo. Também este jubileu se desenrola em três fazes: em 2024 foi o da diáspora nas Américas, este ano, na Europa, e em 2026 será a vez da África.  Roma foi uma etapa do Jubileu na Europa que continua no fim de semana 11-12/10/25 em Paris (abrangendo a Europa central). 

De salientar que em 2033 serão também comemorados os 30 anos da Diocese de Mindelo, criada em 2003 pelo Papa João Paulo II, ficando o país com duas dioceses: a de Santiago de Cabo Verde e a de Mindelo. 



O Santo Padre, o Cardeal Dom Arlindo, com peregrinos cabo-verdianos no Jubileu dos Migrantes e Missionários   (@Vatican Media)

Missionários e pedras vivas da Igreja onde se encontram 

Para os peregrinos cabo-verdianos tratava-se, portanto, não apenas de um duplo, mas de um triplo jubileu, sublinhou o Cardeal Dom Arlindo, pondo em realce, por um lado, a beleza do estar no centro da catolicidade e experimentar o ser uma única família em Cristo, a deferência com a qual foram tratados pelo Papa e, por outro, o orgulho da Igreja em Cabo Verde quando bispos de várias países lhes manifestam apreço por os cabo-verdianos serem pedras vivas da Igreja nos países onde se encontram, pois levam consigo a sua fé em Cristo. 

Peregrinos cabo-verdianos no Jubileu na Praça de São Pedro

Peregrinos cabo-verdianos no Jubileu na Praça de São Pedro

Tal como no início da sua criação a Diocese de Cabo Verde tinha a missão de levar Cristo também a outras partes da África, também hoje os seus migrantes levam a fé a outras paragens – sublinha Dom Arlindo, enaltecendo o Jubileu da Diáspora como momento relevante para os cabo-verdianos se sentirem cada vez mais Nação, cada vez mais Igreja e cada vez mais unidos em Cristo e dando mais qualidade às relações humanas, porque o Evangelho é a felicidade de viver. E compara o movimento físico ao movimento espiritual em direção à vida plena. A esperança, tema geral do Jubileu do Ano Santo 2025, anima também a Nação cabo-verdiana no enfrentamento dos desafios com olhos postos num porvir melhor, rematou o Cardeal em entrevista à Vatican News.

Foi nos Jardins de Castel Sant´Angelo, onde na tarde do domingo 5, teve lugar a “Festa dos Povos” com testemunhos música e danças, um verdadeiro abraço entre missionários e migrantes. Ali os cabo-verdianos num ambiente de festa cantaram os parabéns a alguns aniversariantes, entre os quais o próprio Cardeal. 

Oiça aqui as palavras do Cardeal

Contente e feliz, Antónia Silva, membro da Comunidade cabo-verdiana e do C500, em Roma, evoca a grande emoção que sentiu ao passar a Porta Santa com o Cardeal que, diz,  é muito estimado pela comunidade. Exalta também a felicidade de estar com os outros em ambiente intercultural da Festa do Povo e ainda a passagem do Papa perto do grupo de cabo-verdianos e o facto de ele ter dado as boas vindas aos migrantes, o que lhe fez sentir-se acolhida enquanto imigrante.  

Oiça as palavras de Antónia Silva

Da Suiça veio a Roma um grupo de oito pessoas, uma delas Nilda Tavares . Exprime satisfação pelo agradável momento na companhia do Cardeal Dom Arlindo, de vários padres e de cabo-verdianos de diversos países. Veio a Roma sobretudo para passar a Porta Santa, algo “relevante para nós católicos” e estar com os outros. Na Suiça, está no Cantão de Vaud, onde estão ligados à Paróquia de Santo André. Já tiveram a felicidade de lá receber o Cardeal, assim Dom Ildo Fortes, bispo de Mindelo, e vários padres que vão lá visitá-los oportunamente. Deixa um convite aberto. 

Verónica Almada é secretária do C500 na Holanda. Veio sozinha a Roma. Recorda os bons momentos, sobretudo a indiscretível emoção de estar perto do Papa Leão XIV e o privilégio da foto que, graças ao Cardeal Dom Arlindo, puderam fazer com o Papa. Retém a mensagem de união lançada pelo Pontífice. Revela que o trabalho do C500 na Holanda nao está a ser fácil, mas ela, pessoa persistente, está convicta que conseguirão bons resultados, pois se “somos católicos” é porque tudo começou há 500 anos. 

Momento da participação dos peregrinos cabo-verdianos no Jubileu dos Migrantes e Missionários

Momento da participação dos peregrinos cabo-verdianos no Jubileu dos Migrantes e Missionários

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