Entre os maiores críticos da medida do Hamas encontra-se o frade egípcio da Custódia da Terra Santa, padre Ibrahim Faltas, conhecido por sua proximidade com o povo palestino. O religioso franciscano critica o movimento islâmico por tentar “impedir o povo de celebrar juntos a mais bela festa da Palestina, a festa na qual a atenção de milhões de pessoas ao redor do mundo é atraída para seguir com entusiasmo os detalhes desta celebração em Belém, a capital da natividade, que se torna a capital da felicidade na Palestina”
Vatican News
A medida com a qual um departamento do Ministério para assuntos religiosos na Faixa de Gaza, governado pelo partido islâmico palestino Hamas, instruiu os muçulmanos a limitar sua “interação” com as celebrações cristãs do Natal, continua suscitando preocupação e crítica.
As diretrizes, contidas num documento interno do ministério, foram divulgadas pela mídia israelense (Jeurusalem Post). Elas incluíram uma fatwa (decreto islâmico) e uma campanha de mobilização através da mídia e pregadores para lembrar os muçulmanos da necessidade de se absterem de participar diretamente de rituais e celebrações não-muçulmanas.
Na tarde de sábado, 19 de dezembro, numa tentativa de arrefecer as polêmicas, o ministério controlado pelo Hamas emitiu uma declaração esclarecendo que as medidas previstas não eram dirigidas contra as práticas litúrgicas e devocionais dos cristãos de Gaza, apresentados como “compatriotas e parceiros na luta pela causa palestina”, mas que eram dirigidas exclusivamente aos muçulmanos que participavam das celebrações religiosas não islâmicas.
Reação da Custória da Terra Santa
A declaração do ministério, confirmando a existência da diretriz ministerial, teve o efeito de multiplicar as reações negativas, também no campo palestino. Entre os maiores críticos da medida do Hamas encontra-se também o frade egípcio da Custódia da Terra Santa, padre Ibrahim Faltas, conhecido por sua proximidade com o povo palestino.
Padre frei Ibrahim difundiu um texto longo e articulado, também publicado no site abouna.org, no qual define a declaração ministerial como “uma página sombria” na história do Hamas.
“Gostaria de ver energias mobilizadas para que o bloqueio de Gaza seja revogado, ou para apoiar os esforços de reconciliação entre Fatah e Hamas e alcançar a unidade entre o povo palestino, ou pelo menos para convencer a população a se ajudar mutuamente nestas difíceis circunstâncias”, lê-se no texto do padre Ibrahim, que critica o movimento islâmico por tentar “impedir o povo de celebrar juntos a mais bela festa da Palestina, a festa na qual a atenção de milhões de pessoas ao redor do mundo é atraída para seguir com entusiasmo os detalhes desta celebração em Belém, a capital da natividade, que se torna a capital da felicidade na Palestina”.
Um ataque aos “valores de tolerância e fraternidade”
“Natal – continua o religioso franciscano, dirigindo-se aos militantes do Hamas – não é o aniversário do Mensageiro do Amor e da Paz, Cristo Jesus filho de Maria, a quem vocês honram como profeta de Deus, mencionado no Alcorão vinte e cinco vezes?”
A União democrática palestina (Fida), um grupo leigo dentro da OLP (Organização para Libertação da Palestina, ndr), também estigmatizou as diretrizes sobre o Natal emanadas pelo Hamas na Faixa de Gaza, rotulando-as como um ataque aos “valores de tolerância e fraternidade que prevaleceram até agora entre os palestinos”.
(Fides)