Era o segundo Angelus direto da Praça da Liberdade de Castel Gandolfo para Leão XIV que, na catequese, lembrou como o verão – vivido neste período na Europa – é um tempo para desacelerar e aproveitar para achar Jesus, aprendendo assim a arte da hospitalidade.
Andressa Collet – Vatican News
“Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!”, começou o Papa Leão XIV na alocução na Praça da Liberdade, em Castel Gandolfo, que precedeu a oração mariana do Angelus. Em meio a um forte vento que se abateu no local na manhã deste domingo (20/07), mas naquele que era um típico dia de verão com temperaturas em torno dos 30 graus, o Pontífice voltou a refletir sobre a arte da hospitalidade, após comentar sobre o tema durante a homilia pronunciada horas antes, quando presidiu a missa na Catedral de Pancrácio Mártir, em Albano.
Viver o acolhimento recíproco
Na catequese, o Pontífice recordou o acolhimento do casal Sara e Abraão, e das irmãs Marta e Maria, amigas de Jesus: “sempre que aceitamos o convite para a Ceia do Senhor e participamos na mesa eucarística, é o próprio Deus que «nos vem servir»”, disse Leão XIV, ao acrescentar:
“Mas o nosso Deus soube, em primeiro lugar, ser hóspede e, ainda hoje, está à nossa porta e bate. É sugestivo que, na língua italiana, hóspede seja tanto aquele que hospeda como aquele que é hospedado. Assim, neste domingo de verão, podemos contemplar este jogo de acolhimento recíproco, sem o qual a nossa vida empobrece.”
O Papa destacou que “é preciso humildade tanto para hospedar como para ser hospedado”, porque “é necessário delicadeza, atenção, abertura”. Marta, a irmã de Maria, corre o risco de não viver a felicidade do encontro com Jesus porque está ocupada com os preparativos da acolhida. Apesar de ser generosa, as tarefas afastam ela daquilo que é “mais bonito do que a própria generosidade”, que é sair de si mesma.
Mais parecidos com Maria do que com Marta
Marta e Maria vivem de maneira diferente o encontro com Jesus. Marta se esforça e Maria “perdeu a noção do tempo, conquistada pela palavra de Jesus”. “Não é menos concreta do que a sua irmã, nem menos generosa. Mas aproveitou a oportunidade”, por isso Jesus repreende Marta por se afastar de uma intimidade que lhe daria felicidade.
“O tempo de verão pode nos ajudar a ‘abrandar’ e a nos tornarmos mais parecidos com Maria do que com Marta. Por vezes, não nos damos a nós mesmos a melhor parte. Precisamos repousar um pouco, com o desejo de aprender mais sobre a arte da hospitalidade.”
Acolher e deixar-se acolher
“A indústria das férias”, disse o Papa, “quer nos vender todo o tipo de experiências, mas talvez não o que procuramos”. O encontro com Deus, com a natureza e com os outros “é gratuito e não se compra”.
“É preciso simplesmente fazer-se hóspede: dar espaço e também pedi-lo; acolher e deixar-se acolher. Temos muito para receber e não apenas para dar. Embora idosos, Abraão e Sara se descobriram fecundos quando acolheram tranquilamente o próprio Senhor em três viandantes. Também para nós, há ainda muita vida a acolher.”
O convite final do Pontífice foi para rezar a Maria, “Mãe do acolhimento, que hospedou o Senhor no seu seio e, juntamente com José, lhe deu uma lar”: