Papa aos novos cardeais: vigilância para permanecer no caminho de Jesus

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O Colégio Cardinalício ganhou 13 novos membros, oriundos de quatro continentes e de oito países: Itália, Malta, Chile, Estados Unidos, México, Filipinas, Brunei e Ruanda. “O vermelho purpúreo das vestes cardinalícias, que é a cor do sangue, pode tornar-se, para o espírito mundano, a cor duma distinção eminente”, advertiu o Pontífice em sua homilia.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

“Todos nós amamos Jesus, todos queremos segui-Lo, mas devemos estar sempre vigilantes para permanecer no seu caminho.”

Palavras do Papa Francisco na homilia ao presidir na tarde deste sábado, na Basílica Vaticana, ao Consistório Ordinário Público para a criação de 13 novos cardeais, na seguinte ordem: Dom Mario GRECH, Dom Marcello SEMERARO, Dom Antoine KAMBANDA, Dom Wilton Daniel GREGORY, Dom Jose F. ADVINCULA, Dom Celestino AÓS BRACO, Dom Cornelius SIM, Dom Augusto Paolo LOJUDICE, Dom Mauro GAMBETTI, Dom Felipe ARIZMENDI ESQUIVEL, Dom Silvano Maria TOMASI, Fr. Raniero CANTALAMESSA, Dom Enrico FEROCI. Dom Sim e Dom Advincula não puderam estar presentes devido às restrições impostas pelo coronavírus.

Descobrir com a pandemia o sentido da existência

Os reflexos da pandemia, aliás, puderam ser notados na forma da realização do rito, mas não tocaram a sua essência. Logo no início da cerimônia, o Pontífice dirigiu sua saudação, correspondida por sua vez por um dos novos nomeados, Card. Mario Grech, bispo emérito de Gozo, em Malta, secretário do Sínodo dos Bispos.

De fato, a sinodalidade – tema inclusive do próximo Sínodo em 2022 – foi a tônica do seu discurso, sem esquecer que este Consistório se realiza em “tempos assim tão graves para toda a humanidade”. Por isso, Dom Grech dirigiu seu pensamento aos “fratelli tutti” que estão na provação.

“As dramáticas circunstâncias que a Igreja e o mundo estão atravessando nos desafiam a oferecer uma leitura da pandemia que ajude todos e cada um a colher nesta tragédia também a oportunidade e, sobretudo, o sentido da nossa existência.”

A meta do nosso caminho

Na sequência, o rito se realizou como de costume: depois da oração e da leitura, o Papa fez a sua homilia, comentado o trecho do Evangelho de Marcos, em que Jesus caminha com os discípulos e anuncia pela terceira vez o que O aguarda em Jerusalém.

“A cena descrita pelo evangelista Marcos passa-se no caminho. E, no mesmo ambiente, se desenrola o trajeto da Igreja: o caminho da vida, da história, que é história de salvação na medida em que o percorrermos com Cristo, rumo ao seu Mistério PascalA Cruz e a Ressurreição pertencem à nossa história: são o nosso hoje, mas constituem sempre também a meta do nosso caminho.”

A intenção do Mestre é preparar os Doze para a provação, a fim de conseguirem estar com Ele agora e sobretudo depois, quando Jesus já não estiver no meio deles. Para que estejam sempre com Ele e sigam pelo seu caminho.

Mas o desejo expresso por Tiago e João – de se sentarem um à direita e outro à esquerda de Jesus na grandeza – desvia este caminho. “Não é o caminho de Jesus; é outro”, disse o Papa. “É o caminho de quem, talvez sem se dar conta sequer, se aproveita do Senhor para se promover a si mesmo; o caminho de quem – como diz São Paulo – procura os próprios interesses, e não os de Cristo.” Francisco então advertiu:

“Queridos irmãos, todos nós amamos Jesus, todos queremos segui-Lo, mas devemos estar sempre vigilantes para permanecer no seu caminho. Pois com os pés, com o corpo, podemos estar com Ele, mas o nosso coração pode estar distante e levar-nos para fora do caminho. Assim, por exemplo, o vermelho purpúreo das vestes cardinalícias, que é a cor do sangue, pode tornar-se, para o espírito mundano, a cor duma distinção eminente. E você não será mais o pastor perto do povo. Sentirá somente a eminência. Quando ouvir isto, estará fora do caminho.”

No caminho, não fora do caminho

Esta narração evidencia o contraste nítido entre Jesus e os discípulos. Ele, no caminho; os discípulos, fora do caminho. “Por eles, e por todos, Jesus dividirá em pedaços o seu corpo e derramará o seu sangue.”

Esta passagem evangélica, finalizou Francisco é uma palavra salutar também para nós hoje.

“Também nós, Papa e Cardeais, devemos espelhar-nos sempre nesta Palavra de verdade. É uma espada afiada: corta, é dolorosa, mas ao mesmo tempo cura-nos, liberta-nos, converte-nos. A conversão é precisamente isto: sair de fora do caminho, ir para o caminho de Deus.”

A cerimônia prosseguiu com o Papa pronunciando a fórmula de criação, elecando os nomes dos novos cardeais e anunciando a ordem presbiteral ou diaconal à qual foram designados. Os novos membros do Colégio Cardinalício fizeram então a profissão de fé e juraram fidelidade e obediência ao Papa e aos seus sucessores.

Depois, houve a imposição do barrete, a entrega do anel cardinalício e da bula de criação com a designação do Título ou da Diaconia Presbiteral ou Diaconal. Somente o abraço da paz com os demais membros do Colégio Cardinalício foi omitido.

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