Leão XIV celebrou a missa com os estudantes das Universidades Pontifícias e assinou a Carta Apostólica “Traçar novos mapas de esperança”, 60 anos após a declaração “Gravissimum Educationis”. Em sua homilia, enfatizou que é preciso ter um “olhar amplo”, vencer “a preguiça intelectual” e derrotar a “atrofia espiritual”.
Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Leão XIV presidiu, na tarde desta segunda-feira (27/10), na Basílica de São Pedro, a missa com os estudantes universitários das universidades pontifícias, no âmbito do Jubileu do Mundo Educativo que teve início nesta segunda-feira.
Porém, antes da missa, ao lado do Altar da Confissão na Basílica de São Pedro, o Papa Leão XIV, assina a carta apostólica “Traçar novos mapas de esperança”, 60 anos após a Declaração Conciliar “Gravissimum Educationis” de São Paulo VI. A carta será publicada na terça-feira (28/10), aniversário do documento do Concílio Vaticano II.
“Estar neste lugar, durante o Ano Jubilar, é um dom que não pode ser considerado dado adquirido, sobretudo porque a peregrinação para atravessar a Porta Santa nos lembra que a vida é viva somente se estiver em movimento, se souber fazer algumas “passagens”, ou seja, se for capaz de celebrar a Páscoa”, disse o Papa no início de sua homilia.
A seguir, Leão XIV se deteve no Evangelho, proclamado durante a celebração, que apresenta a imagem de uma mulher encurvada que, curada por Jesus, “pode finalmente receber a graça de um novo olhar, um olhar mais amplo”.
“A condição de ignorância, que muitas vezes está ligada ao fechamento e à falta de inquietação espiritual e intelectual, assemelha-se à condição desta mulher: ela está toda curvada, dobrada sobre si mesma, e por isso lhe é impossível olhar além de si”, disse ainda o Papa, acrescentando que “quando o ser humano é incapaz de ver além de si mesmo, da sua experiência, das próprias ideias e convicções, dos próprios esquemas, então permanece prisioneiro, servo, incapaz de amadurecer um juízo próprio. Tal como a mulher encurvada do Evangelho, o risco é sempre o de ficarmos prisioneiros de um olhar centrado em nós mesmos”.
Segundo Leão XIV, “esta mulher curada obtém esperança, porque pode finalmente levantar o olhar e ver algo diferente, ver de uma nova maneira. Isto acontece especialmente quando encontramos Cristo na nossa vida: abrimo-nos a uma verdade capaz de mudar a vida, de nos distrair de nós mesmos, de nos tirar dos nossos fechamentos”.
O Papa recordou que “a espiritualidade precisa deste olhar, para o qual o estudo da teologia, da filosofia e de outras disciplinas contribuem de maneira especial”. Segundo o Pontífice, nos tornamos especialistas em detalhes da realidade, “mas somos incapazes de ter novamente uma visão de conjunto, uma visão que una as coisas através de um significado maior e mais profundo”. “A experiência cristã quer nos ensinar a olhar para a vida e a realidade com um olhar unificador, capaz de abraçar tudo, rejeitando toda lógica de parcialidade”, sublinhou.
Leão XIV exortou os estudantes universitários e todos aqueles que se dedicam à “pesquisa e ao ensino – a não se esquecerem de que a Igreja de hoje e de amanhã precisa desta visão unificadora”.
De acordo com Leão XIV, “ao estudo, à pesquisa e ao ensino está associada uma relevante tarefa educativa”. Ele exortou as universidades “a abraçarem com paixão e compromisso esta vocação”. “Educar assemelha-se ao milagre narrado por este Evangelho, porque o gesto de quem educa significa levantar o outro, colocá-lo de pé como Jesus faz com esta mulher encurvada, ajudá-lo a ser ele mesmo e a amadurecer uma consciência e um pensamento crítico autônomos. As Universidades Pontifícias devem poder continuar este gesto de Jesus”, disse ele.
Leão XIV concluiu, dizendo “o que recebemos enquanto buscamos a verdade e nos dedicamos ao estudo nos ajuda a descobrir que não somos criaturas lançadas por acaso no mundo, mas pertencemos a alguém que nos ama e que tem um projeto de amor para a nossa vida”.

