Papa: arruinar a paz é uma culpa perante a história, um pecado perante Deus

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Há 80 anos, as tropas aliadas desembarcavam na Normandia, acelerando o fim da Alemanha nazista e da Segunda Guerra Mundial. O Papa enviou uma mensagem ao bispo de Bayeux para a comemoração. “A lembrança dos erros do passado sustentou a firme vontade de fazer tudo o possível para evitar que estourasse um novo conflito mundial aberto”, sublinhou Francisco, enquanto hoje os homens “têm a memória curta”.

Vatican News 

Nesta quinta-feira, 06/06, recorda-se o Dia D, quando cerca de 156.000 homens, principalmente americanos, britânicos e canadenses, participaram da operação “Netuno”, desembarcando nas praias da Normandia, abrindo um novo front a oeste contra as tropas alemãs e permitindo a libertação da França e da Europa.

Para o Papa Francisco, são os milhares de tumbas de soldados alinhadas nos imensos cemitérios da Normandia que recordam o mais tangível daquele “colossal e impressionante esforço coletivo e militar realizado para obter o retorno à liberdade” que foi o desembarque aliado. Passados 80 anos, o Pontífice enviou uma mensagem a dom Jacques Habert, bispo de Bayeux, reunido com autoridades civis, religiosas e militares para comemorar o histórico evento que, em 6 de junho de 1944, contribuiu decisivamente para o fim da Segunda Guerra Mundial e para o restabelecimento da paz.

“Nunca mais a guerra!”

Além dos soldados “em sua maioria muito jovens e muitos vindos de longe que heroicamente deram suas vidas”, Francisco lembrou as inúmeras vítimas civis inocentes e todos aqueles que sofreram os terríveis bombardeios que atingiram tantas cidades como Caen, Le Havre e Rouen. O desembarque na Normandia, acrescentou o Papa, evoca “o desastre representado por aquele terrível conflito mundial em que tantos homens, mulheres e crianças sofreram, tantas famílias foram dilaceradas, tantas ruínas foram provocadas” e “seria inútil e hipócrita lembrá-lo sem condená-lo e rejeitá-lo definitivamente”, em nome daquele “Nunca mais a guerra!” pronunciado por São Paulo VI na ONU em 1965.

Os povos querem a paz

“Se, por várias décadas, a lembrança dos erros do passado sustentou a firme vontade de fazer tudo o possível para evitar que estourasse um novo conflito mundial aberto”, sublinhou Francisco com tristeza, “hoje não é mais assim”. Os homens, de fato, “têm a memória curta” e “é preocupante que a hipótese de um conflito generalizado seja, às vezes, novamente levada a sério” e “que os povos estejam gradualmente se acostumando a essa eventualidade inaceitável”. “Os povos querem a paz! Querem condições de estabilidade, de segurança e de prosperidade, nas quais cada um possa cumprir serenamente seu dever e seu destino e arruinar esta nobre ordem das coisas por ambições ideológicas, nacionalistas, econômicas é uma grave culpa diante dos homens e diante da história, um pecado diante de Deus”, afirmou o Santo Padre.

Rezar pelas vítimas das guerras

A oração de Francisco foi, então, “pelos homens que querem as guerras, por aqueles que as desencadeiam, as alimentam de maneira insensata”, as prolongam inutilmente e tiram proveito cínico delas”, para que “Deus ilumine seus corações”, e “coloque diante de seus olhos o cortejo de desgraças que provocam”.

“Querer a paz não é covardia”, mas exige a coragem de saber renunciar a algo, enfatizou o Papa, ao afirmar rezar continuamente pelos operadores da paz com a esperança de que, “opondo-se às lógicas implacáveis e obstinadas do confronto, saibam abrir caminhos pacíficos de encontro e diálogo”. Por fim, a oração de Francisco dirige-se a todas as vítimas das guerras passadas e presentes: “os pobres, os fracos, os idosos, as mulheres e as crianças são sempre as primeiras vítimas dessas tragédias”.

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